97% das lavouras de trigo foram afetadas na última geada

A equipe técnica da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), no núcleo regional de Toledo, está a campo realizando análises dos impactos das geadas nas lavouras de trigo. A massa polar que chegou na região no final de julho, derrubou as temperaturas e provocou a formação de geada pela terceira vez neste ano.

Apesar de bonito, o cenário branquinho ao amanhecer não é animador. A vegetação coberta por uma fina camada de gelo preocupa os produtores de grãos e de hortaliças. Quando a temperatura do ar se aproxima de 0º C ocorre o congelamento dos tecidos vegetais que provoca a morte das plantas ou suas partes. Dependendo da fase de desenvolvimento, esse fenômeno pode ocasionar grandes perdas.

O trigo é uma cultura que gosta do frio, mas o congelamento da planta provoca o interrompimento do ciclo. É o caso de boa parte das lavouras de trigo da Regional de Toledo. De acordo com a engenheira agrônoma e técnica do Departamento de Economia Rural (Deral) no Núcleo da Seab de Toledo, Jean Marie Ferrarini, 97% das culturas de trigo foram afetadas na última geada porque estavam na fase de floração, período mais suscetível da planta.

“Os técnicos continuam com as avaliações, mas já é possível identificar grandes perdas. Há muitas áreas que serão totalmente perdidas, não tem como recuperar. Muitos produtores terão que optar pelo triguilho”, comenta.

PRODUTIVIDADE – As geadas podem reduzir o potencial produtivo da região. A área plantada do trigo na Regional de Toledo é de 39.635 hectares e a produção estimada, até o último levantamento da Seab, é de 120.886 toneladas. Jean Marie salienta que ao final o mês a Secretaria trará um levantamento prévio das perdas por conta da geada e os dados detalhados serão divulgados ao final da safra.

“A nossa área de trigo é bem pequena, representa 3% do estado. Porém 97% foi impactada com as geadas. Em todo o Paraná, na época eram 28% das áreas que estavam suscetível. São regiões em que o trigo foi plantado mais tarde e as plantas estavam em desenvolvimento vegetativo, por isso não foram muito afetadas”.

Segundo relatório do Deral/Seab atualizado na última terça-feira (10), o trigo é comercializado a R$ 88 a saca de 60 quilos. Além do trigo, a geada também prejudicou a olericultura e os criadores de gado leiteiro que enfrentam dificuldades com a falta de pastagens. “Isso acaba afetando também a cadeira do leite. Os produtores de milho já tinham sido afetados com as geadas anteriores”, cita. No último levantamento da Seab, a estimativa de quebra na safra do milho era de 58%.

ESTADO – No relatório de área e produção, referente a semana 31/2021 e divulgado no dia 5 de agosto, o Deral informa que as lavouras paranaenses foram reavaliadas após as geadas no final de julho e tiveram suas condições rebaixadas. As áreas que remanesceram como boas correspondem a 64% da área produtiva, ante 90% na semana anterior, as áreas em condições médias passaram de 8% para 28% e as ruins de 2% para 8%.

Esta condição das lavouras é igual à do início de agosto de 2019, quando houve geadas menos intensas, mas havia maior déficit hídrico (o qual, inclusive, se estendeu por agosto e setembro, prejudicando mais a safra). Nesta safra de 2021, os problemas se concentram nas geadas que prejudicaram especialmente o Oeste paranaense, além de parte do Norte e do Sudoeste. “No entanto, ainda pode ter produtividades médias melhores que as da safra 2019, especialmente se houver uma pluviosidade satisfatória neste mês de agosto, mantendo as boas expectativas para as lavouras mais tardias do Paraná, concentradas na região Sul”.

Da Redação

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