A menos de um mês do início, Copa América vive cenário de incertezas
A Conmebol garante que a ideia original de realizar o torneio pela primeira vez em dois países (Argentina e Colômbia) não será alterada. Também não vê motivos para temer que os clubes europeus, com o fim da temporada, se recusem a liberar seus jogadores sul-americanos. Ninguém pode imaginar uma Copa América sem o argentino Lionel Messi ou o brasileiro Neymar.
O cenário, no entanto, é de muitas incertezas. A Argentina vive seu pior momento de infecções (3,1 milhões no total) e mortes (mais de 68 mil) por covid-19. A Colômbia sofre uma convulsão social devido aos protestos de rua, com mais de 40 mortos e centenas de feridos. Isso sem contar com a devastação provocada em seu território pelo coronavírus.
O presidente da Colômbia, Iván Duque, disse que “seria um absurdo não realizar uma Copa América se houver uma Eurocopa, principalmente quando os números epidemiológicos em vários países são semelhantes ou até, em alguns lugares, piores”. Já o presidente da Argentina, Alberto Fernández, avisou: “Não quero frustrar a Copa América, mas quero que sejamos muito sensatos”, mas afirmou na noite de domingo que o país está preparado para receber a competição.
“Fomos consultados e afirmamos que sim. Com todos os cuidados. Esta seria uma Copa América para a televisão, isto deve ser falado. Em tais termos, estaríamos dispostos a cumprir o compromisso assumido”, declarou em entrevista ao canal de TV argentino C5N.
Quando a pandemia pareceu diminuir, a Conmebol anunciou seu desejo de ter a presença de torcedores nos estádios, mas as autoridades dos dois países não se pronunciaram definitivamente. Com leitos de terapia intensiva à beira do colapso, o ministro da Saúde de Buenos Aires, Fernán Quirós, advertiu que “grande parte do país com conglomerados urbanos não tem condições de organizar shows com grande audiência”.
No momento, as cidades escolhidas na Argentina são Córdoba, Santiago del Estero, Mendoza e Buenos Aires. Na Colômbia, Barranquilla, Medellín, Cali e Bogotá. Por enquanto, o torneio está com início marcado para 13 de junho, com o confronto entre Argentina e Chile no Monumental de Buenos Aires, e a final disputada na colombiana Barranquilla, no dia 10 de julho.
VACINAÇÃO – O sinal de alerta segue aceso por causa da onda de casos de covid-19 nas equipes que disputam as Copas Libertadores e Sul-Americana. Para a Copa América, a Conmebol dispõe de 50 mil vacinas doadas pelo laboratório chinês Sinovac. Até as famílias dos jogadores serão imunizadas. A entidade vai ter postos de vacinação em Londres, Roma e Madri para atender os sul-americanos que jogam na Europa.
No Brasil, a imunização dos atletas ainda não foi autorizada. Sob o ataque de uma segunda onda da pandemia, o Brasil é o segundo país do continente com o maior número de mortes (mais de 425 mil), depois dos Estados Unidos. A vacinação está ocorrendo lentamente.
A seleção brasileira, atual detentora do título do torneio, está no Grupo B, ao lado de Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. No Grupo A estão Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai, o maior vencedor da competição, com 15 troféus.
PREOCUPAÇÃO – Tite, técnico da seleção brasileira, demonstrou preocupação na última sexta-feira com a situação social da Colômbia. “Temos essa preocupação”, disse o treinador durante a convocação para os jogos contra Equador e Paraguai, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. “Acompanhamos diariamente essa situação, dialogando com a Conmebol, mostrando nossa preocupação (…). Deixamos claro que não queremos que aconteça o que aconteceu na partida entre América de Cali e Atlético-MG”, disse Juninho Paulista, coordenador da seleção brasileira.
O duelo, que terminou com vitória dos brasileiros por 3 a 1, foi interrompido pelo menos cinco vezes pelos efeitos do gás lacrimogêneo disparado pela polícia contra manifestantes que protestavam no entorno do estádio Romelio Martínez, em Barranquilla.
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