“A minha tia é o nosso milagre”
No dia 10 de junho de 2021 a imprensa local e regional noticiava que a Saúde de Toledo estava em colapso. Naquele momento, a equipe no Pronto Atendimento Municipal (PAM/Mini-hospital) não conseguia atender novos pacientes graves. Na Macro Oeste, mais de 170 pessoas aguardavam por um leito de UTI Covid-19, entre elas a vendedora de Ouro Verde do Oeste Ruti Silva de Souza da Cruz, a tia Ruti.
Após mais de uma semana incluída na regulação, naquele dia, a vaga foi disponibilizada. O JORNAL DO OESTE na matéria “Minha tia está lutando para viver” relatou a situação da paciente e o drama da família. No final da tarde da última segunda-feira (26), a tia Ruti recebeu alta. “É o nosso milagre retornando para casa”, disse a sobrinha Gisele Alves.
Gisele lembra que a tia Ruti sempre adotou as medidas ao enfrentamento da Covid-19, porém ela contraiu a doença. Seu teste foi positivo em 25 de maio deste ano, um dia antes de ser imunizada. No dia 30 de maio, ela não se sentiu bem e familiares a levaram ao atendimento em Ouro Verde do Oeste, onde reside. Naquele dia, também foi transferida para atendimento no PAM para estabilizar o seu quadro clínico e foi incluída na regulação por um leito de UTI Covid-19. No dia 2 de junho, o resultado de uma tomografia mostrou que o seu pulmão estava 80% comprometido.
A família buscou pela vaga em vários lugares e conversou com muitas pessoas, no entanto, a resposta foi sempre negativa naquele momento. “Foi frustrante receber todos os “nãos”. É horrível se sentir incapaz, não poder fazer nada para ajudar e ver a pessoa amada numa situação daquelas”.
LUTA – Após ser internada na Associação Beneficente de Saúde do Oeste do Paraná (Hoesp), Hospital Bom Jesus, Ruti lutou bravamente contra as complicações da Covid-19. Equipes de profissionais ofertaram o melhor atendimento e a família em seu lar rezaram pela reabilitação de Ruti. Foram 57 dias de internamento, sendo 40 deles entubada; mais de uma semana na fila aguardando por um leito de UTI; ureia em 223 mg/dL, sendo que o aceitável é até 40 mg/dL.
“Precisávamos de um leito para fazer – urgentemente – a hemodiálise. A UTI não vinha e a cada dia a situação ficava mais difícil. Quando conseguimos a UTI, ela foi melhorando sozinha. Os rins voltaram a funcionar sem a necessidade do procedimento de hemodiálise. As palavras dos médicos foram que ela viveu ‘um milagre’”, relata Gisele.
Após os rins melhorarem, os problemas com o pulmão começaram e a pressão insistiu em ficar alterando. “Foram dias difíceis. O celular ficava o tempo todo na mão esperando uma ligação e quando não chegavam notícias o desespero era grande, mas a fé sempre esteve presente!”, comenta a sobrinha ao revelar que estar com a sua tia – novamente – é uma felicidade indescritível e um amor tão grande. “A minha tia é o nosso milagre. Ela lutou pela sua vida e agora volta para a sua família. Estamos todos unidos e contentes”.
RECOMEÇO – Ruti representa a vitória dos profissionais e a fé da família. “A equipe de Saúde já perdeu muitos pacientes e a tia superou as expectativas dos médicos e toda a equipe. Eu – enquanto sobrinha – quero ter minha consciência que fiz tudo para que ela continuasse conosco. Nós não fizemos nada a mais que ela faria por nós. Hoje, é maravilhoso ouvir a voz dela. Ela é nosso bebê e nós vamos cuidar, dar carinho e zelar por ela. Para a nossa família é um recomeço”.
Ruti requer cuidado com a sua pressão, a qual não pode ser alterada. Também necessita de fisioterapia para recuperar os movimentos dos braços e das pernas. “Nós verificamos a pressão a cada duas horas e a oxigenação do sangue. Compramos colchão de ar, aparelho de pressão, oxímetro e oxigênio. Tudo para cuidar bem dela em casa”.
FAMÍLIA – E o desejo de Ruti é maior que estar em casa, ela afirma que quer ficar mais com a sua família. “Quero aproveitar mais a minha família. Quando vivi dias difíceis no hospital sempre pensei na minha família. Em todos! Eu sabia que eles estavam rezando pela minha recuperação”.
Enquanto seus familiares faziam orações em casa, no Bom Jesus, ela afirma que a equipe foi impecável. “Todos os profissionais muito dedicados. Eles conversavam comigo nos dias que estive mais silenciosa e auxiliavam nas videochamadas”.
Quem também sentiu falta de Ruti foi o seu esposo Osmarzilei da Cruz. São 26 anos casados e sete anos como namorados. “Agora, eu só quero viver melhor e aproveitar mais vida. Aproveitar a minha família. A Ruti faz parte da minha vida. Só agradeço a Deus. Acho que minha conta de pedido para Ele já encerrou, mas isso não importa, porque Ele me deu a graça de ter a minha Ruti ao meu lado novamente”. A sobrinha Gisele finaliza que a saúde da sua tia ainda está frágil mas a vontade de viver é muito grande! “Deus é bom o tempo todo! Não há batalhas perdidas onde há joelhos dobrados!”, conclui.
Da Redação
TOLEDO
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