A morte que ensina a viver
Analisar a vida, a partir da perspectiva da morte, é o tema do novo livro do padre Fábio de Melo. Publicado pela Editora Planeta, A hora da essência sugere a importância de cuidar de si mesmo em toda a existência, e não somente quando se está prestes a morrer.
As reflexões surgem por meio da comovente história de uma paciente com câncer, Sofia, e suas conversas com uma das enfermeiras, Ana. Mesmo de férias, esta decide cuidar da recém-chegada ao hospital para tratamento, com um fim anunciado pelo diagnóstico médico. A partir deste encontro, entre sorrisos e lágrimas, uma nova perspectiva se apresenta para a paciente.
As mãos de Ana dançam delicadamente sobre a minha cabeça. O carinho me devolve ao tempo em que me deitava no colo de meu pai.
Ele tinha o hábito de fazer carinho em mim, assim como agora Ana o faz. A ternura dos gestos ultrapassa o corpo que recebe. É na alma que ele derrama seus melhores efeitos. A mão que afaga acorda o que em mim é imaterial. (A hora da essência, p. 45)
A partir da percepção de Sofia sobre seu estado de saúde, a relação com a enfermeira e os diálogos entre as protagonistas, a narrativa aprofunda questões que antecedem a doença. Ao longo do livro, a paciente-narradora resgata também as dolorosas recordações sobre as escolhas feitas, principalmente em torno do filho e o abandono do ex-marido.
A hora da essência é prefaciada pela médica e também escritora Ana Cláudia Quintana Arantes, a quem o padre dedica a obra. Autora do best-seller A morte é um dia que vale a pena viver, Ana afirma que, diante da morte, não é possível viver a partir de teorias. “A verdade não é uma teoria, é uma experiência”. Tanto é que Sofia, antes de morrer, toma atitudes para recuperar o que havia deixado para trás.
De vez em quando a vida nos surpreende em absoluto desgoverno. Tudo fora, alheio, exilado. Mas há outros momentos em que nos surpreende em absoluta concordância. Tudo dentro, consciente e reconciliado. A hora da essência talvez seja isso. O turno da vida em que a liturgia das horas nos põe num caminho só: o que nos faz chegar a nós mesmos. (A hora da essência, p. 87)
Da Assessoria
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