Adriano repassa carreira, relembra morte do pai e explica aposentadoria precoce
O site americano já é conhecido por ser um meio em que atletas e personalidades do esportes podem expor suas experiências e suas opiniões, partindo do ponto de vista pessoal. Adriano aproveitou a oportunidade para escrever e contar fatos importantes do seu passado, como sua experiência de crescer numa comunidade. Ao voltar para o lugar onde cresceu, Adriano foi criticado por escolher uma vida simples a desfrutar dos luxos que o futebol proporciona.
“Ganhei muito dinheiro na minha carreira. Mas quanto dinheiro você pagaria para se divertir de novo?”, escreveu o ex-atleta em determinado trecho. “As pessoas sempre interpretam errado essa palavra. Quem olha de fora não entende, cara”, acrescentou. Ele explica que crescer em uma favela não é só miséria, e que sua infância foi repleta de humildade, dificuldade, mas também de momentos muito felizes. “Eu não sofri. Eu estava vivendo, aprendendo com a vida”.
“Adriano era o menino da favela. Adriano era o menino do ônibus com sua avó. Adriano era o garoto que o Flamengo ia dispensar. Adriano foi o menino que lutou. Adriano foi o que sobreviveu. Nunca deixei de ser essa pessoa. O dinheiro, a fama, o reconhecimento… Nada muda como você nasceu”, resumiu “Didico”, como é carinhosamente chamado pelos amigos, sobre sua trajetória.
Adriano começou na base do Flamengo. Segundo ele, estava prestes a ser dispensado quando atuava pela lateral-esquerda, mas acabou tendo uma oportunidade como atacante. “Quando você é um atacante, não está numa corrida. Quando a bola chega no seu pé e você tem dois zagueirões em cima, não é uma corrida. É uma luta, uma luta de rua”. Depois disso, foi chamado ao profissional e provou o seu valor.
A primeira convocação veio aos 18 anos, com apenas um de profissional. Um ano depois, já estava na Internazionale e já era chamado do alcunha que carrega até hoje: Imperador. “Lembro que tinha acabado de chegar à Itália e não sabia o que estava acontecendo. Eu olhava para aqueles caras: Seedorf. Ronaldo. Zanetti. Toldo. Caramba. Ficava admirado com eles”.
Então, Adriano também relembrou um momento bastante doloroso, a morte de seu pai. “No intervalo de nove dias, eu fui do dia mais feliz para o pior da minha vida”. Foram nove dias que separaram a histórica conquista da Copa América sobre a Argentina, em 2004, com gol decisivo dele, da ligação que anunciou a triste notícia.
“Eu realmente não queria falar sobre isso, mas vou te dizer que, depois daquele dia, meu amor pelo futebol nunca mais foi o mesmo. Ele amava futebol, então eu amava futebol. Simples assim. Era meu destino. Quando joguei futebol, joguei pela minha família. Quando marquei, marquei para a minha família. Então, quando meu pai morreu, o futebol nunca mais foi o mesmo”, explicou.
Depois disso, o goleador passou por outros problemas, como o atrito com José Mourinho em 2008 e o rompimento do tendão de Aquiles em 2011. No Brasil, Adriano teve passagens pelo São Paulo, em 2008, pelo Flamengo entre 2009 e 2010, onde foi campeão brasileiro, e por Corinthians e Athletico-PR. Porém, nunca mais foi o mesmo do auge na Itália, algo com o qual não se preocupa. O que é importa, salientou, é a sua felicidade.
“Eu não ganhei Copa do Mundo. Também não ganhei a Libertadores. Mas quer saber? Eu ganhei quase tudo. E eu tive uma vida incrível. Sempre tive muito orgulho de ser o Imperador. Mas sem Adriano, o Imperador não presta! Adriano não usa coroa. Adriano é o menino da favela que foi tocado por Deus. Você entende agora? Você vê? Adriano não sumiu nas favelas. Ele apenas voltou pra casa”, enfatizou o ex-jogador, que reforçou que nunca deixou de ser “aquele moleque de favela”.
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