Antibióticos: para tratamento eficaz é preciso cautela e uso correto
Todo medicamento deve ser administrado de acordo com a prescrição médica e as orientações do fabricante. O antibiótico requer ainda mais atenção, pois o uso indiscriminado pode interferir na resistência das bactérias que causam doenças e tornar o medicamento ineficaz e dificultando o tratamento.
O coordenador do Núcleo da Saúde da Unipar de Toledo, o farmacêutico, Douglas Rossi Jesus, alerta que o tratamento pode se tornar ineficaz devido o paciente não ter seguido as orientações de uso. “Quando se inicia o uso de um antibiótico o doente geralmente apresenta sintomas como dor e febre. Com a tomada das primeiras doses as bactérias mais frágeis começam a ser eliminadas e os sintomas melhoram. Se o paciente suspende o uso neste momento, as bactérias mais fortes que continuam vivas começam a se multiplicar novamente e os sintomas vão reaparecer. Como as novas bactérias são descendentes daquelas mais resistentes, é bem provável que o mesmo medicamento não cure mais esta infecção”.
Douglas destaca que existem muitos fatores que influenciam no tempo necessário para que o antibiótico produza alívio dos sintomas. O período de uso pode variar de acordo com o tipo de antibiótico, as características pessoais de quem está fazendo uso dele, o tipo de bactéria e seu perfil de resistência microbiana, o local da infecção, a via de administração, a administração com ou sem alimentos e a escolha correta do antibiótico, entre outros.
“Fica muito difícil determinar qual o tempo esperado para que o antibiótico alivie os sintomas, devendo este tempo ser sempre avaliado individualmente. Entretanto, está correto afirmar que seu tempo de ação é mais prolongado do que algumas medicações utilizadas corriqueiramente, como por exemplo analgésicos (por exemplo, paracetamol) ou medicamentos para tratar a hipertensão arterial (por exemplo, captopril), que produzem resultado já alguns minutos após sua administração”, esclarece.
O profissional pontua que existem situações bem específicas que, o uso desses medicamentos, se torna necessário um período prolongado de tratamento com alguns antibióticos, desde que acompanhado pelo médico prescritor. Douglas acrescenta que, nesses casos, é necessário que o paciente tenha um acompanhamento clínico constante pois o uso prolongado de antibióticos pode provocar problemas renais e hepáticos, uma vez que esses órgãos são responsáveis pela metabolização e filtragem dessas substâncias.
RECOMENDAÇÃO DE USO – Essa classe de medicamento é indicada, desde que com a devida prescrição e acompanhamento médico ou odontológico, para infecções bacterianas de forma geral, por exemplo, infecções urinárias, intestinais, respiratórias, infecções de pele, entre outras.
“Às vezes os antibióticos são utilizados para prevenir infecções (o que é chamado profilaxia). Por exemplo, os antibióticos profiláticos podem ser administrados a: pessoas que tenham sido expostas a alguém com meningite para prevenir o desenvolvimento da meningite; algumas pessoas com válvulas cardíacas anômalas ou artificiais antes de procedimentos dentários e cirúrgicos para impedir que bactérias infectem as válvulas danificadas ou artificiais (tais procedimentos podem permitir que bactérias entrem no organismo) e pessoas que se submetem a cirurgias que têm alto risco de introduzir uma infecção (como uma cirurgia ortopédica ou intestinal de grande porte). Para evitar o desenvolvimento de resistência a antibiótico pela bactéria e efeitos colaterais nas pessoas, os médicos geralmente administram antibióticos de forma preventiva apenas durante um breve período”, alerta.
NÃO É EFICAZ CONTRA VÍRUS – Em tempos de pandemia e inúmeras incertezas sobre tratamentos adequados, o coordenador salienta que os antibióticos atuam somente contra bactérias, não apresentando efeito algum sobre os vírus. “Infecções virais são muito mais comuns que as infecções bacterianas. Todos os resfriados e a maior parte dos quadros de tosse e dor de garganta são causados por vírus. Muitas vezes (especialmente quando os usuários optam por se automedicar) os antibióticos são usados equivocadamente, e nestes casos, não ocorrerá a melhora dos sintomas, independente da duração do tratamento”.
AUTOMEDICAÇÃO – Douglas reforça que o paciente não pode tomar antibiótico sem prescrição. Por exemplo, se a pessoa teve um quadro de infecção urinária, foi ao médico, teve o medicamento prescrito, fez o tratamento, mas sobrou medicamento, passou um tempo, teve outro quadro de infecção urinária e decidir usar o restante do medicamento pode colocar a saúde em risco.
“Considerando que inicialmente o tratamento da primeira infecção urinária apresentada foi realizado de forma incorreta, pois na grande maioria das vezes, a medicação é prescrita e dispensada pelas farmácias já na quantidade correta necessária ao tratamento por completo. Sendo assim, num próximo quadro de infecção, não é a primeira opção continuar com o restante do antibiótico que possuía em sua residência visto que vários são os fatores que podem levar este paciente a não ter o sucesso neste segundo quadro de infecção como, a bactéria responsável, o sistema imunológico do paciente, a quantidade de medicação que o paciente utilizou, dentre outros. Em palavras simples, isso quer dizer que quando você usa o antibiótico por um tempo menor do que deveria, com dosagem ou prescrição errada ou mesmo com uma frequência desnecessária, a bactéria cria mecanismos de defesa e resistência ao antibiótico, o que torna o tratamento da doença muito mais difícil e prolongado”.
O profissional salienta que a orientação correta é sempre procurar um médico para diagnosticar corretamente qual o microrganismo responsável pelo quadro infeccioso. Com base nisso, será prescrito o tratamento de forma racional, de forma a buscar sempre a cura do paciente.
Da Redação
TOLEDO
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