Antissocial, agressor de creche queria largar estudos e guardava dinheiro em casa
A polícia colheu depoimentos de pessoas próximas, mas algumas informações ainda são tratadas pelos investigadores como preliminares ou até mesmo boatos. A Justiça converteu a prisão em flagrante em preventiva e liberou a quebra de sigilo de dados, para que a polícia analise computadores, videogame e pen drive apreendidos.
Segundo apurou o Estadão, não consta no inquérito qualquer evidência que pudesse indicar histórico de violência de Mai até o momento. Natural de Saudades, o agressor tem ficha criminal limpa, sem antecedentes ou registro de ato infracional – crimes cometidos por pessoas com menos de 18 anos.
Ele atingiu a maioridade no último dia 3. Apesar da idade, ainda cursava o 9º ano do ensino fundamental e trabalhava de menor aprendiz em uma indústria, com unidade instalada no município, responsável por confeccionar roupas e calçados para marcas famosas.
Colegas de trabalho o descrevem como introspectivo e reservado. Jogos no computador seriam o seu assunto preferido. Também era solteiro, mantinha poucas relações sociais e evitava festas. Guardava todo o dinheiro do trabalho em casa.
Mais afastada do centro, a residência não tem muros e é considerada simples. Ele morava com uma irmã mais nova, além do pai, jardineiro, e da mãe, afastada do trabalho para tratar um câncer. Após a repercussão do caso, os parentes deixaram o local por temer represálias.
Segundo relatam policiais, a família estava surpresa e liberou a entrada dos investigadores. Lá, foram apreendidos R$ 11 mil em espécie, que seriam as economias do jovem, mas não foi achado qualquer registro – diário ou carta, por exemplo – que sinalizasse o ataque.
“Até agora, não temos nada que ateste problemas de qualquer natureza sobre a conduta pessoal dele”, afirmou o delegado Ricardo Casagrande, da regional de Chapecó. “Os depoimentos coletados vão dar um norte em relação à conduta do jovem e isso vai ser confrontado com provas técnicas, como objetos e bens apreendidos.”
Informalmente, os familiares teriam relatado que Mai teria costume de maltratar animais domésticos – embora nenhuma denúncia tenha sido registrada. Também teriam dito que, ao questionar sobre a compra da arma empregada no ataque à creche, o agressor teria dito que era para usar nos bichos.
Responsável pelo inquérito, o delegado Jerônimo Ferreira declarou que os pais também relataram que o rapaz gostava de jogos online, teria problemas em casa e não desejava mais estudar. O motivo alegado seria bullying. “Espero conseguir interrogá-lo. Quero ver o que ele vai contar”, disse.
Mai chegou de bicicleta à creche e foi atendido pela professora Keli Aniecevski, primeira a ser atacada. Uma colega de Keli disse à reportagem que Mai é pouco conhecido na cidade e não tinha relação com funcionários da creche. Parentes das vítimas também afirmam não conhecê-lo.
Comentários estão fechados.