Profissionais e autoridades destacam ações para prevenir asfixia mecânica por corpo estranho

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A asfixia mecânica por corpo estranho é uma causa de morte evitável se considerar a existência de manobras eficientes para a expulsão do corpo estranho que obstrui as vias aéreas da pessoa engasgada. Mas, pessoas leigas não realizam a aplicação da manobra de Heimlich (desengasgo), devido ao desconhecimento. A vereadora Olinda Fiorentin e a técnica em enfermagem da 20ª Regional de Saúde de Toledo Katchi Nascimento, que assumiu ao cargo por 30 dias, são autoras de uma proposição que aborda o tema.

O Projeto de Lei n° 60/2024 “Institui a Semana de Conscientização e Prevenção da Asfixia Mecânica por Corpo Estranho”. A Comissão de Educação, Cultura e Desporto (CEC) promoveu audiência pública na última quarta-feira (3) para abordar a temática.

Marcelo Marques, presidente da CEC, comandou os trabalhos. Geraldo Weisheimer (vice-presidente), Leoclides Bisognin (secretário) e Valdir Rossetto (membro) também marcaram presença. Entre as autoras, Katchi Nascimento esteve presente, enquanto Olinda Fiorentin não compareceu, por motivo de Saúde.

AÇÕES – De acordo com Katchi Nascimento, o objetivo principal é fortalecer as ações já existentes em Toledo. Entre elas, a Lei, inclusive de autoria da parlamentar Olinda Fiorentin, que dispõe sobre a obrigatoriedade da afixação de cartazes ilustrativos sobre o método pré-hospitalar denominado Manobra de Heimlich, nas instituições de ensino e nos estabelecimentos que comercializam alimentos para consumo no local. “Pensamos que a programação deve ocorrer na terceira semana do mês de fevereiro para esclarecer a população sobre o assunto”.

Katchi recorda a existência da Lei Federal que trata a temática, chamada de lei Lucas (Lei nº 13.722) em vigência no âmbito nacional, que dispõe acerca do treinamento anual em primeiros socorros, de 1/3 dos colaboradores de instituições como escolas, creches, buffets infantis, públicos e privados (todos os lugares que recebem e atendem crianças).

“A asfixia mecânica por corpo estranho (engasgo) é responsável por inúmeros óbitos de crianças e é dever da sociedade a proteção dessas crianças, sobretudo quando estão aos cuidados de profissionais no exercício de suas funções”, afirmaram na justificativa as autoras do Projeto de Lei.

EXPERIÊNCIA – Para Katchi, a aprovação desta Lei é fundamental, pois ela viveu uma situação de engasgo com um dos seus filhos. “Mais tarde, durante minha formação, a professora de urgência e emergência Flávia era excelente e me apaixonei por este tema”.

A técnica de enfermagem Daiana participou de audiência e contou uma experiência que viveu em seu ambiente de trabalho. “Uma família trouxe uma criança de cinco anos ao estabelecimento e o avô a colocou no meu colo. Eu peguei a criança coloquei na maca e começamos a massageá-la. Fizemos a massagem por mais de 40 minutos e conseguimos reanimar a criança. Porém quando íamos chamar a mãe e o avô, a criança entrou em nova parada e não resistiu. Um engasgo acabou com uma família”.

Daiana pontua que a criança se engasgou com uma bolinha de plástico. “Ela viu o avô chegando e ao suspirar, na vontade de abraça-lo, acabou aspirando a bolinha. A família buscou ajuda, porém não realizou manobras no caminho. Por isso, esse projeto é importante para que outras famílias não vivam essa situação”.

Segundo Katchi, a Semana de Conscientização e de Prevenção é uma proteção para as crianças e os adolescentes, pois em qualquer faixa etária pode ocorrer o engasgo. “Engasgar é algo grave e pode levar a óbito. As famílias precisam ter a consciência de que se um dia alguém se engasgar deve chamar o socorro, realizar a massagem cardiopulmonar ou desenvolver outras ações que englobam os primeiros socorros”.

“Todo o Município deve se unir em torno deste tema. Hoje, eu tenho receio que uma criança se engasgue na escola. Eu desejo muito que se algo acontecer o profissional esteja habilitado para fazer uma manobra de desengasgo”, afirma Katchi.

A servidora pública Beatriz também parabenizou as autoras do Projeto de Lei. “Na Escola de Administração Pública, realizamos uma capacitação relacionada ao assunto para os servidores. A nossa rede precisa estar capacitada, porque eles fazem os primeiros atendimentos com crianças ou idosos”.

A servidora aposentada enfermeira Rosmari Gatto Bordignon concorda que a população não está preparada para realizar as manobras e existe a necessidade de trabalhar o tema. “Um ou dois minutos fazem a diferença para uma pessoa que está engasgada. Muitas vezes, um atendimento adequado evita sequelas e até mesmo o óbito”.

A aluna do curso técnico de enfermagem Sandra Mara complementa que uma situação de engasgo pode ocorrer a qualquer momento. “Não escolhe hora ou local. Com esta Lei, toda a população sairá ganhando e ninguém sairá perdendo”.

ENCAMINHAMENTOS – O vereador Leoclides Bisognin parabenizou as vereadoras e destacou a importância de cada cidadão estar preparado para auxiliar o próximo. O parlamentar Valdir Rossetto destaca a continuidade do treinamento que é importante. “Um ato simples que salva uma vida. Não somente da criança. Parabenizo pelo projeto”.

Por fim, a autora do PL Katchi agradeceu a manifestação de cada participante na audiência. “O engasgo é algo que gostaríamos que não ocorresse em nenhuma família. Eu falo desse assunto há anos e somente agora tive a oportunidade de estar aqui (Câmara de Vereadores) e sugerir o Projeto de Lei. Desejo que a matéria tramite, seja aprovada e que possamos cobrar ações das instituições em Toledo. Lutarei para que Toledo tenha ciência das consequências de um engasgo”.

O presidente da Comissão Marcelo Marques parabenizou pelo projeto e pela iniciativa das autoras. “Fico feliz com esses projetos e percebo que faz sentido estar na Casa de Leis. O Poder Público tem muito a fazer ainda e o Legislativo tem muita responsabilidade. Somos favoráveis a ações que impactam positivamente a vida de cada cidadão”.

Da Redação

TOLEDO

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