Assistentes virtuais de diferentes marcas combatem o machismo

Se brincadeira machista não tem graça no mundo real, provocar assistentes virtuais com comentários impertinentes também se tornou inaceitável. Na semana passada, a assistente virtual Bia, do Bradesco, ganhou um novo cardápio de respostas para usuários que fazem perguntas de cunho sexual ou machista.

Segundo o Bradesco, a Bia recebeu 95 mil mensagens ofensivas em 2020. Uma nova campanha do banco, criada pela agência Publicis Brasil, que entrou no ar na semana passada, retrata dois exemplos: “Bia, sua imbecil” e “Bia, eu quero uma foto sua agora”. Porém, segundo Glaucimar Peticov, diretora executiva do banco, há sugestões bem piores.

Antes da Bia, a Lu, assistente virtual do Magazine Luiza, já havia sido programada, ainda em 2018, para dar respostas mais contundentes ao assédio. “A Lu recebe com frequência mensagens desagradáveis. São ofensas e mensagens de cunho sexual e de péssimo gosto”, diz Ana Luiza Herzog, gerente de reputação da varejista.

A questão é não é nova. Por isso, em 2020, a Unesco lançou a campanha #HeyUpdateMyVoice (“Ei, atualize minha voz”), para que mulheres gravassem respostas às ofensas sofridas por assistentes virtuais. A Unesco orientou que as assistentes respondessem de forma mais contundente.

É o que agora vai ocorrer com a Bia: antes, diante de uma pergunta ofensiva, ela dizia não ter entendido. Agora, será incisiva, afirmando, por exemplo, que certos comportamentos não são adequadas nem com uma pessoa nem com uma inteligência artificial. “Esperamos uma mudança de comportamento”, diz a diretora do Bradesco.

Mas há assistentes programadas para o silêncio. “Acreditamos que a Alexa não deve encorajar interações inapropriadas. Por uma decisão intencional de produto, quando alguém fala algo impróprio para a Alexa, ela não se manifesta ou responde”, diz a Amazon. Para a empresa, a personagem não tem gênero.

Para o professor de direito digital da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Marcelo Chiavassa, a discussão sobre assédio começa na identidade feminina dos robôs. “Estudos que indicam que a voz feminina gera mais empatia, mas essa escolha reflete uma sociedade que associa a figura feminina à posição de servir”, ressalta.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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