Ativista transmite ao vivo abordagem policial racista no Rio
Responsáveis pela defesa do influenciador, os advogados Joel Luiz Costa e Djeff Amadeus, do Instituto Defesa da População Negra (IDPN), registraram o caso como crime de preconceito. Costa classificou a ação policial como ‘violenta e arbitrária’.
No vídeo, dois policiais militares do Centro Presente, força-tarefa de policiamento de proximidade que atua na região central do Rio, abordam o influenciador na saída de uma loja de departamentos alegando que ele teria um ‘volume na cintura’. Os agentes também tentam justificar a abordagem dizendo que Júlio ‘saiu muito rápido’ do estabelecimento e ‘não comprou nada’. A ação aconteceu na tarde da última quarta-feira, 17.
“Duas horas da tarde. Eu tenho certeza que se fosse tarde da noite, a situação como foi, talvez eu não teria nem tempo para abrir uma live para falar o que está acontecendo”, afirma o influenciador na gravação. Após o episódio, ele contou que decidiu fazer a transmissão ao vivo para se defender. “A primeira avaliação feita é a cor da pele”, lamenta Júlio.
Depois que o influenciador contestou a justificativa da abordagem e se recusou a informar seus dados aos policiais, eles chamaram reforço de mais quatro agentes para conduzi-lo contra a vontade até a 5.ª DP (Centro). Ao ser questionado sobre o motivo da condução, um dos policiais militares diz que o influenciar ‘incorreu no crime de desobediência’.
“O senhor está desobedecendo uma ordem legal que está sendo dada do senhor. É só identificação, o senhor não quis, então o senhor está incorrendo no crime de desobediência. Aí lá na delegacia o senhor vai tomar melhor ciência do fato”, responde.
Diante da resistência do influenciador em entrar sozinho na van com os policiais, os agentes dizem que ele está ‘caçando quizumba’ e ‘vai entrar, por bem ou por mal’. “Eu não quero usar de meios de força”, afirma um dos agentes.
Em nota, a PM do Rio informou que, na delegacia, ‘nada foi constatado’ e o influenciador foi liberado. A corporação também afirma que ‘as abordagens policiais são realizadas conforme previsto em lei’. “Os policiais e agentes da operação são orientados e a cor da pele não é escolha para abordagem policial”, diz o texto.
COM A PALAVRA, A POLÍCIA MILITAR DO RIO
“Os policiais do Centro Presente estavam patrulhando a região na tarde de ontem (17) quando suspeitaram de um rapaz que, segundo eles, demonstrou insatisfação com a aproximação policial e pareceu querer se desvencilhar dos agentes entrando em uma loja.
Os policiais se aproximaram do rapaz e pediram que ele se identificasse, mas ele se recusou e foi conduzido à delegacia, conforme procedimento padrão. Na DP ele foi identificado, nada foi constatado e foi liberado em seguida
Vale ressaltar que o foco da Operação Segurança Presente é o atendimento à população e as abordagens policiais são realizadas conforme previsto em lei. Os policiais e agentes da operação são orientados e a cor da pele não é escolha para abordagem policial.
As abordagens não são pautadas por cor da pele, orientação sexual, religiosa, de gênero ou qualquer fator pessoal, mas a partir de denúncias ou comportamentos que podem representar algum risco à coletividade”
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