BC: déficit em c/c é de US$ 5,891 bi em dezembro e fecha 2021 em US$ 28,110 bi
No ano passado, as transações correntes foram beneficiadas pelo aumento dos preços de commodities, mas também houve recuperação das importações, graças à retomada econômica, e à necessidade de buscar energia elétrica fora, além do dólar caro. Por outro lado, os gastos com viagens ainda foram modestos, devido à pandemia.
O resultado ficou perto da mediana das expectativas (-US$ 28,450 bilhões) e, portanto, dentro do intervalo da pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast, cujas estimativas iam de déficit de US$ 30,800 bilhões a US$ 21,000 bilhões. A projeção do BC era de rombo de US$ 30 bilhões, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro.
A balança comercial registrou saldo positivo de US$ 36,181 bilhões em 2021, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 17,114 bilhões. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 50,471 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou negativo em US$ 32,617 bilhões.
Dezembro
Somente em dezembro, o resultado das transações correntes ficou negativo em US$ 5,891 bilhões. Este é melhor desempenho para o último mês do ano de desde 2019, quando o saldo foi negativo em US$ 5,491 bilhões. Em 2020, o dado do mês foi de déficit de US$ 8,458 bilhões.
O número de dezembro ficou dentro do levantamento realizado pelo Projeções Broadcast, que tinha intervalo de déficit de US$ 9,850 bilhões a rombo de US$ 4,000 bilhões (mediana negativa em US$ 6,200 bilhão). O BC projetava para o mês passado déficit de US$ 6,522 bilhões na conta corrente.
Pela metodologia do Banco Central, a balança comercial registrou saldo positivo de US$ 2,672 bilhões em dezembro, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 1,928 bilhão. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 6,913 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou negativo em US$ 5,820 bilhões.
Dívida externa
A estimativa do Banco Central para a dívida externa brasileira no fim de 2021 é de US$ 322,965 bilhões. Segundo a instituição, o ano de 2020 terminou com uma dívida de US$ 310,807 bilhões. A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 246,686 bilhões no encerramento de dezembro, enquanto o estoque de curto prazo ficou em US$ 76,279 bilhões.
Viagens internacionais
Ainda sob os efeitos da pandemia de covid-19 na economia, a conta de viagens internacionais registrou déficit de apenas US$ 2,302 bilhões em 2021, informou o Banco Central na manhã desta quarta-feira. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. Em 2020, o déficit nessa conta já havia sido baixo, de US$ 2,350 bilhões. Em 2019, por sua vez, o saldo negativo fora de US$ 11,599 bilhões.
Na prática, com o dólar mais elevado e a continuidade de restrições de voos em vários países ao longo de 2021, os gastos líquidos dos brasileiros no exterior se mantiveram baixos no ano passado.
O desempenho da conta de viagens internacionais no ano passado foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 5,250 bilhões – ante US$ 5,394 bilhões em 2020. Já o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 2,947 bilhões, após US$ 3,044 bilhões no ano anterior.
Somente em dezembro, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 413 milhões, com despesas de US$ 784 milhões e receitas de US$ 371 milhões.
Lucros e dividendos
A rubrica de lucros e dividendos do balanço de pagamentos apresentou saldo negativo de US$ 29,847 bilhões em 2021, informou o Banco Central. A saída líquida é superior aos US$ 16,823 bilhões que deixaram o Brasil em 2020, já descontadas as entradas. Em dezembro, houve saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos, de US$ 4,567 bilhões. A expectativa do BC era de que a remessa de lucros e dividendos de 2021 somasse US$ 29 bilhões.
O Banco Central informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 20,725 bilhões em 2021, ante US$ 21,558 bilhões em 2020. A expectativa do BC era de gastos de US$ 22 bilhões no ano passado. Em dezembro, as despesas com juros alcançaram US$ 2,358 bilhões.
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