Bolsonaro visitará na Europa líderes polêmicos de Rússia e Hungria
Além da proximidade de ideais, Bolsonaro e Orbán encaram eleições este ano. Em abril, a Hungria terá seus pleitos parlamentares, quando o atual primeiro-ministro terá a chance de obter seu quarto mandato consecutivo. Orbán ocupa a cadeira desde 2010, mas também já exerceu o cargo entre 1998 e 2002. No Brasil, Bolsonaro disputa a reeleição pelo PL.
A proximidade com Viktor Orbán vem de longa data. O primeiro-ministro húngaro esteve presente na cerimônia de posse de Bolsonaro em 2019. Posteriormente, no mesmo ano, Orbán esteve na lista de nações e embaixadores estrangeiros que receberam visitas do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Na mesma viagem, o filho “zero três” do presidente também encontrou outro líder da extrema direita: o vice-premier da Itália, Matteo Salvini.
Para Eduardo, a forma como Orbán vem atuando contra a oposição e a imprensa local deveria ser uma “referência” para o Brasil. No poder, com a aprovação de deputados, o primeiro-ministro conseguiu novos diretores de TVs e rádios públicas, tirando a autonomia das emissoras. Além disso, também tentou controlar redes privadas ao limitar o acesso de jornalistas ao Parlamento.
A Hungria despencou no segundo o ranking mundial de liberdade de imprensa organizado pela ONG Repórteres Sem Fronteiras: foi do 23º lugar em 2010, quando Orbán assumiu o poder, para o 89º entre 180 países, em 2020.
Questionada pelo Estadão, a Secretaria-Geral da Presidência da República não se pronunciou sobre o assunto até o fechamento desta reportagem.
A primeira viagem internacional do presidente em 2022 já tem destino e data marcada: Paramaribo, capital do Suriname, nos dias 20 e 21 de janeiro.
Em fevereiro, Bolsonaro tem uma viagem programada para a Rússia a convite do presidente russo, Vladimir Putin. Em live, o presidente declarou que encara a viagem como uma oportunidade para a economia brasileira, devido a dimensão do mercado russo.
Ausência em posses presidenciais
Bolsonaro tem costume de não prestigiar a posse de eleitos ligados à esquerda na América Latina e já faltou a pelo menos três eventos semelhantes. Ele também anunciou que não vai acompanhar a cerimônia de posse do presidente do Chile, Gabriel Boric, em março.
Em 2019, primeiro ano de seu mandato, Bolsonaro rompeu com uma tradição de 17 anos ao não comparecer à posse de Alberto Fernández na Argentina. O último presidente brasileiro a não prestigiar uma posse no país foi Fernando Henrique Cardoso (PSDB), quando o argentino Eduardo Duhalde foi nomeado pelo Congresso Nacional após renúncia de Adolfo Rodríguez Saá. Fernández, que é um político de esquerda, havia derrotado o candidato preferido de Bolsonaro, Maurício Macri, que concorria à reeleição. Na época, o Brasil foi representado pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) no evento.
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