Brasil aceita receber novos voos de deportados dos EUA
No fim de maio, os EUA enviaram ao Brasil o primeiro voo fretado para deportar imigrantes brasileiros desde o início do governo de Joe Biden. A prática tornou-se frequente durante o mandato de Donald Trump, que adotou política e retórica anti-imigração – que passou a ser usada também por Biden, quando um número recorde de imigrantes começou a chegar na fronteira dos EUA com o México.
Questionado sobre o tema, o Itamaraty afirmou que recebeu, em agosto, um pedido para ampliar a frequência de voos semanais, o que ocorrerá em outubro. A chancelaria acrescentou que o governo “consentiu, em caráter temporário e condicional”, com o aumento da frequência para dois voos por semana e que o objetivo do MRE é reduzir o tempo de permanência dos brasileiros em centros de detenção americanos, especialmente durante a pandemia de covid-19.
O governo brasileiro confirmou também a informação de que pediu aos EUA que os deportados não sejam algemados no voo – o que foi relatado por algumas pessoas enviadas de volta pelo governo americano nessa situação.
O total de brasileiros que chegaram aos EUA ilegalmente começou a crescer em 2015, mas se mantinha em patamares baixos. O grande pico nas apreensões pela patrulha fronteiriça aconteceu em 2019, quando passou de 1,6 mil casos no ano anterior para 18 mil, segundo os registros dos EUA. No ano passado, as travessias caíram em razão dos bloqueios de viagem durante a pandemia e à política estabelecida por Trump. Neste ano, o número explodiu. Só em agosto, mais de 9 mil brasileiros tentaram atravessar a fronteira americana sem visto. De outubro do ano passado até agosto deste ano, a estimativa é a de que mais de 46 mil brasileiros tenham feito esse caminho.
A autorização para ampliar os voos de deportação ao Brasil acontece no momento em que o governo americano pede para que o País receba haitianos que entraram de maneira irregular nos EUA. Na semana passada, a situação foi tratada em conversa entre o secretário de Estado, Antony Blinken, e o chanceler brasileiro, Carlos França. Os dois se reuniram em Nova York, após a abertura da Assembleia-Geral da ONU.
No encontro, segundo fontes, Blinken pediu que o Brasil acolha haitianos que estão sendo deportados. O governo brasileiro indicou que seria preciso avaliar a situação específica de cada imigrante. Crianças haitianas que nasceram no Brasil, portanto, cidadãos brasileiros, e estrangeiros com permissão de residência podem entrar no País. Já os que têm visto humanitário e deixaram o Brasil não podem pedir novamente o status temporário.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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