‘Brasil é um cemitério de jogadores e treinadores’, revela Daniel Alves

Em sua segunda temporada de volta ao Brasil, desde que assumiu a camisa 10 do São Paulo, um sonho em sua carreira, Daniel Alves revelou, em entrevista ao jornal britânico The Guardian, o seu descontentamento com a situação de desigualdade social no Brasil e com a queda de qualidade do futebol brasileiro, depois de 17 anos fora do País, dois temas que são caros ao jogador que acumula o maior número de títulos da história do futebol.

“O Brasil é um cemitério de treinadores e jogadores. Nosso sistema é baseado em manter as coisas sempre iguais. Quando você tenta algo diferente, as pessoas ficam contra você porque, se funcionar, mudará todo a lógica do sistema”, desabafou o atleta de 37 anos em tom crítico ao status quo do futebol nacional.

A resposta foi em relação ao trabalho do técnico Fernando Diniz à frente do São Paulo na última temporada. Após diversas rodadas como líder do Campeonato Brasileiro, com um estilo de jogo muito particular e tendo Daniel Alves como capitão, a equipe da capital paulista sucumbiu aos adversários e caiu muito de rendimento, perdendo a oportunidade de voltar a vencer um título desde 2012.

“Diniz está à frente da maioria dos treinadores. Você pode dizer que ele não ganhou o título, mas não estou falando sobre isso. Eu estou falando sobre futebol. Para ser sincero, ele não é treinador do nosso país”, disse o jogador à publicação britânica.

Agora com a gestão do time comandada pelo argentino Hernán Crespo, Daniel Alves voltou à lateral direita, posição que o consagrou no Barcelona e na seleção brasileira. Sobre ser meia ou lateral, ele disse que só tem como obsessão ter o melhor desempenho. “Eu posso jogar em qualquer posição. Eu atuei no Paris Saint-Germain como meia. Quando eu estava lá, Tuchel (então técnico da equipe francesa) me falou que o lado direito do campo era muito pequeno para mim porque todos os bons jogadores precisam ter a bola o tempo todo”, afirmou.

Como lateral no São Paulo, Daniel Alves diz que as críticas sempre aparecem no Brasil, em comparação à época do seu auge, mas que basta olhar as estatísticas para saber que está tendo uma boa performance.

“No Brasil preciso ser lateral-direito porque fui o melhor do mundo na posição. Mas quando volto para a lateral é capaz de dizerem que estou velho. Mas basta olhar para as estatísticas. Estou me saindo bem. Quem trabalha comigo sabe o que posso fazer. Não sou uma criança que está começando agora. Minha mente diz apenas uma coisa: desempenho. Eu preciso jogar bem. Essa é minha obsessão”, comentou.

Em seguida, o jogador emendou a chance de voltar à seleção brasileira, algo que não aconteceu nas escalações do técnico Tite nas primeiras rodadas das Eliminatórias. “A Copa do Mundo é um sonho do qual não vou desistir. Vou lutar para me manter num nível elevado e para ter esta última experiência com a minha seleção nacional. Este é o meu desafio. Não adianta apenas sonhar. Eu vou competir. Agora é hora de trabalhar e construir. O que me motiva é a competição e os meus sonhos. Enquanto eu estiver vivo, lutarei pelos meus sonhos”, concluiu.

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