Cabelo afro tem sua história resgatada depois de virar polêmica nas mídias
O estilo, também conhecido como afro, surgiu, como conhecemos hoje, nos Estados Unidos, no final da década de 1950, início dos 1960, como uma forma de expressar orgulho da beleza negra. Com o tempo, o penteado que exalta as características naturais do cabelo crespo e cacheado se tornou uma mensagem política de força e resistência. “Muito além da estética ou de apenas um penteado, o black resgata a nossa ancestralidade. Ele me conecta às minhas raízes e celebra a cultura, a luta e a resistência do nosso povo. Pra mim, tem um significado muito grande. Sempre que coloco meu black pra jogo, tenho em mente que estou mantendo a minha identidade”, comenta a atriz e influenciadora Lucy Ramos, que exibe com orgulho toda a beleza do seu cabelo nas telas da TV, revistas e redes sociais. “Durante minha vida, fui entendendo que o meu cabelo dizia muito sobre quem eu era. Ao ter acesso à informação, compreendi que o meu crespo é uma característica minha que muito me orgulha. Não tenho motivos para escondê-lo. Hoje temos uma representatividade maior do que eu tinha na minha época de criança e torço para que desde a infância os pequenos e pequenas já possam nutrir esse sentimento de orgulho pela sua coroa”, complementa.
Além de sua conta pessoal no Instagram, Lucy também comanda o perfil Segundas Cacheadas, no qual compartilha imagens inspiradoras e dicas de cuidado com o cabelo afro. “Carinhosamente sempre fui apontada como alguém que inspira muitas mulheres no seu processo de transição capilar e aceitação do afro. Pensando nelas, decidi criar um espaço específico para que pudéssemos trocar diretamente cuidados, dicas e experiências sobre o nosso cabelo. E assim nasceu o Segundas Cacheadas, com o propósito de fortalecer cada vez mais a nossa autoestima e também provocar reflexões e debates sobre as nossas vivências”, explica. O perfil é um dos destaques entre as inúmeras fontes de informação que encontramos na internet, em livros, jornais e programas de televisão.
A pesquisa e a busca de conhecimento são fatores de extrema importância para que situações em que falas ofensivas – feitas com intenção ou não – que machucam pessoas e desvalorizam uma cultura deixem de acontecer.
Segundo Luiza Brasil, profissional de moda e comunicação com mais de 12 anos de experiência, a autonomia para aprender é primordial. “Quando entrei[NO MERCADO], o cenário era bem diferente. Havia ainda menos pessoas pretas. Eram espaços quase solitários. Essa pauta era trabalhada de um jeito diferente. Então sei do meu lugar articulista com o outro e não me incomodo de ser uma pessoa que produz essa informação. Mas acredito sim que o outro precisa ter a boa vontade de entender que hoje em dia existem materiais de todos os tipos, tamanhos e acessos para usufruir e ter conhecimento. Isso não é mais desculpa. Obras da Djamila, falas da Joice Berth, Carla Akotirene. Enfim, muita gente que fala sobre negritude e questões raciais com maestria. Acredito também que a gente não pode fazer com que o negro seja servil à pauta. Como se o negro só falasse de racismo e questões raciais. Precisamos cada vez mais nos tornar autônomos na nossa busca por conhecimento, nesse caso, raciais. Para que a gente entenda que o lugar do negro hoje em dia, mais do que buscar representatividade por conta do seu tom de pele, é gerar pertencimento em suas vivências. Isso que nos dá humanidade para seguirmos e ocuparmos espaços. Para sermos quem sempre sonhamos ser”, comenta. “Atualmente, minha relação com meu cabelo é pautada em liberdade. Em fazer e usar do jeito que eu quero. Se eu quiser usar trança, vou usar. Se quiser natural, vou usar. Se eu quiser uma lace lisa, vou usar. Porque tem um lugar identitário, de entender que nosso crespo é um cabelo bonito, é lindo. Mas agora acredito muito nesse lugar do poder da nossa escolha.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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