Cadeia leite: produtor deve estar atento ao custo da ração e a oferta no campo
Os custos de produção vão se manter? Esse é o questionamento de todo o produtor que quer planejar a sua atividade. Na cadeia do leite, 2020 foi considerado um ano que gerou desafios aos produtores e o acompanhamento dos custos deve continuar demandando atenção aos produtores neste ano, seja devido a taxa de câmbio, pelos estoques internacionais de grãos ou pela condição climática.
Na propriedade, a alimentação do rebanho é responsável por uma parcela do custo de produção do leite ao mesmo tempo em que, quando realizada adequadamente, impacta de forma positiva no resultado financeiro do produtor.
De acordo com o extensionista do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná o zootecnista Diego Fernandes, alternativas devem ser buscadas na formulação e com o objetivo de baratear o valor de produção neste período em que o preço da matéria-prima está elevado.
Com a matriz nutricional da ração, a indústria pode atuar com o critério de custo mínimo. Fernandes explica que os ingredientes balizadores da ração são os grãos. “Quando o valor de negociação aumenta a principal matéria-prima, a fabricante busca por outros ingredientes, como farelo de trigo, casca de soja ou caroço de algodão”.
Algumas fábricas de ração realizam o serviço personalizado para tentar minimizar o repasse ao produtor ou fazem o uso do grão de destilaria, também conhecido como DDG. Ele é um coproduto originado no processamento do milho e está cada vez mais popular em dietas de bovinos no Brasil.
RECOMENDAÇÕES – Conforme o zootecnista, para minimizar o custeio, o produtor é orientado a alimentar cada animal de maneira diferenciada. A vaca com melhor resultado na produção de leite pode receber uma quantidade maior de ração por dia. Já uma segunda – com uma produção de leite inferior – pode ganhar uma quantia menor de ração e complementar com farelo de soja (por exemplo) para atender à exigência nutricional do animal.
Fernandes salienta que o produtor deve seguir uma matriz nutricional. “Um valor relativo é estabelecido para cada alimento. Por exemplo: conversei com um produtor que incluiu o caroço de algodão na dieta. O ingrediente foi incluído com limite; neste caso, foram dois quilos ao dia. Assim, a produção não é comprometida”. Ele esclarece que o ingrediente quanto mais fibroso possui menos energia e proteína. Assim, se for adicionado em grande escala poderá gerar queda na produção.
CUSTO – Segundo o zootecnista, o produtor ‘briga’ com centavos no custo da produção. Ao analisar durante 12 meses, o impacto é grande. “Milho e soja estão presentes nas rações e quando esses grãos apresentam demanda maior, o seu preço também sobe. Assim, nós tentamos achar o alimento com menor custo, porém que não comprometa a produção de leite”.
A ração possui vários nichos comerciais. Algumas empresas prezam pelo preço e tentam alcançar a qualidade. Fernandes destaca que o produtor está atento a esse cenário e ele tenta pesar o resultado dessa ração e o seu investimento.
“Os orçamentos dos projetos de custeios possuem prazos menores e, por consequência, as cotações estão mais frequentes. Em um contrato de compra e venda de ração, o seu valor segue a tendência do valor do milho, soja e dólar, porque alguns aditivos e minerais são cotados nesta moeda”, enfatiza o profissional ao complementar que a quantidade envolve o poder de negociação, porque a ração acompanhar os valores dos ingredientes e é a maior problemática. “Infelizmente, o custo do produtor do leite não acompanha o custo recebido por litro de leite”.
E a tendência do valor do ração ainda preocupa. Fernandes pondera que o valor do grão não deve diminuir e o produtor precisa ter mais critérios para utilizar a ração na propriedade.
Da Redação
TOLEDO
Comentários estão fechados.