Chuvas intensas prejudicam qualidade dos grãos de soja

As chuvas intensas das últimas semanas castigaram as lavouras de soja do Paraná, principalmente as localizadas na região Oeste do Estado. A colheita da oleaginosa, que já estava atrasada por conta do plantio tardio, foi estendida até o início de março, período em que o milho safrinha já deveria estar semeando nas terras.

João Caetano, produtor de Cascavel, plantou 300 hectares de soja nesta safra. Ele esperava colher os grãos até a primeira quinzena de fevereiro, mas encerrou os trabalhos quase 20 dias depois.

“Além de não conseguir colher, a lavoura ficou quinze dias debaixo de chuva forte, já depois de ter dissecado a soja. Com isso, colhemos uma boa quantidade de grãos ardidos. A umidade também prejudicou o desenvolvimento dos grãos, que perderam peso. Mil grãos, que geralmente pesam entre 190 e 200 gramas, têm chegado a no máximo 180 gramas”, explica.

Com o atraso na colheita da soja, o produtor também perdeu o prazo de zoneamento para o plantio do milho safrinha. “Dos 120 hectares programados, só conseguiu plantar milho em pouco mais de 8 hectares. Tá muito tarde para começar a plantar sem seguro. A pergunta é: o que fazer com a semente de milho que foi comprada, que é cara, e que está parada na fazenda?”.

Nas cerealistas, os descontos no pagamento dos produtores por conta da qualidade baixa dos grãos já é uma realidade. “Além da perda de peso, grãos ardidos, mofados e germinados acabam sendo objeto de desconto quando eles passam de 4% a 5% da carga. Isso já está comprometendo a renda dos produtores”, explica Fernando Pereira, presidente da Associação Regional dos Engenheiros Agrônomos de Cascavel (AREAC).

De acordo com o último boletim conjuntural divulgado pelo Departamento de Economia Rural (Deral) no dia 7 de março, cerca de 30% da soja plantada no estado foi colhida. Pelo menos 11% dos grãos estão com qualidade média e 2% com qualidade ruim.

Nesta safra, a área ocupada por soja no Paraná é de 5,7 hectares. De acordo com o Deral, a produção esperada é de 20,9 milhões de toneladas, volume ligeiramente superior ao obtido na safra recorde de 2019/20.

Ainda de acordo com o departamento, o cenário de maior produção gerou pressão nos preços da oleaginosa. Em fevereiro, o preço médio da saca de soja de 60 kg fechou cotado a R$158,14, o menor preço dos últimos 12 meses, e 14% menor que o preço de fevereiro de 2022.

CASCAVEL

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