CNBB pede que Alesp puna deputado bolsonarista que papa e arcebispo de pedófilos
A fala de D’Avila aconteceu depois de o arcebispo fazer um apelo pelo desarmamento durante a homilia na missa solene no Santuário Nacional no dia da santa padroeira do Brasil. “Para ser Pátria amada não pode ser pátria armada”, disse Dom Orlando em sua reflexão. E completou: “Que seja uma Pátria sem ódio, uma República sem mentira e sem fake news”. Ao final, o arcebispo também reafirmou o pedido por vacina e se mostrou favorável à ciência.
O presidente Jair Bolsonaro esteve no dia 12 no Santuário e assistiu a uma outra missa. No dia seguinte, porém, afirmou que respeitava os bispos brasileiros, mas comparou o porte de armas com a liberdade. “O que acontecia no Brasil é que só os marginais e os bandidos tinham arma de fogo. Não pude aprovar a lei como queria, mas alteramos decretos e portarias para que a arma de fogo seja uma realidade”, disse o presidente.
Apoiador do governo federal, o deputado aproveitou cerca de dois minutos de seu tempo na tribuna para insultar o arcebispo e a CNBB. “(Quero) falar para o arcebispo Dom Orlando Brandes, seu vagabundo, safado da CNBB. Dando recadinho para o presidente, para a população brasileira, que ‘Pátria amada não é Pátria armada’. Pátria armada é a pátria que não se submete a essa gentalha”, disse ele.
“Você, sim, se esconde atrás da sua batina para fazer proselitismo político, para converter as pessoas de bem para a sua ideologia”, continuou o deputado, que ainda xingou o arcebispo e o Papa Francisco de “safados” e “pedófilos”.
Na nota endereçada ao presidente da Alesp, o deputado Carlão Pignatari (PSDB), a CNBB rejeita as “abomináveis agressões” e pede “imediata e exemplar correção pelas instâncias competentes”.
“Defensora e comprometida com o Estado Democrático de Direito, a CNBB, respeitosamente, espera dessa egrégia Casa Legislativa, confiando na sua credibilidade, medidas internas eficazes, legais e regimentais, para que esse ultrajante desrespeito seja reparado em proporção à sua gravidade – sinal de compromisso inarredável com a construção de uma sociedade democrática e civilizada”, continua o texto da CNBB.
Por fim, a conferência de bispos pede uma resposta rápida do presidente da Casa Legislativa. “A CNBB aguarda uma resposta rápida de vossa excelência – postura exemplar e inspiradora para todas as Casas Legislativas, instâncias judiciárias e demais segmentos para que a sociedade brasileira não seja sacrificada e nem prisioneira de mentes medíocres”, finaliza o texto.
O presidente da conferência, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, também publicou um vídeo em que registra o seu repúdio pela postura “anticristã” do deputado. “Neste momento, a CNBB está dedicada a fazer com que o parlamentar responda judicialmente por suas lastimáveis declarações”, afirma na gravação.
Em nota à reportagem, o deputado Frederico D’Avila disse que a fala do arcebispo de Aparecida é um “flagrante desrespeito aos que pensam o contrário” e que “visou unicamente atacar o presidente da República e seus eleitores”. Em relação às declarações sobre o papa Francisco, o parlamentar reconheceu que se “excedeu nas palavras, pois o mesmo, além de líder religioso, também é Chefe de Estado.”
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