Coccidiose em frangos de corte se mantém elevada na avicultura brasileira, com maior presença na fase de crescimento das aves, aponta Sistema AVIS 

Por Jessica Wammes, médica-veterinária pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e assessora técnica de avicultura da Phibro Saúde Animal 

O Brasil é o segundo maior produtor (14,5 milhões de toneladas) e o maior exportador de carne de frango (4,85 milhões de toneladas) do mundo, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que indica que cada brasileiro consome em média 45 quilos da proteína anualmente – seja in natura ou como diversos derivados. Esses dados mostram a força desse setor para a nutrição e a economia nacional. 

Os desafios sanitários da avicultura são amplos e bastante expressivos. A coccidiose é um exemplo disso. Essa doença, uma das mais importantes a ameaçar constantemente as aves, provoca danos ao epitélio intestinal e, consequentemente, provoca prejuízos na digestão, absorção e aproveitamento dos alimentos. Além de comprometer o bem-estar dos animais. Pior do que isso – conforme salientam estudos recentes e atualizados – causa US$ 13 bilhões em perdas e gastos por ano no mundo. 

O Programa de Assistência Veterinária e Integralidade Sanitária (AVIS), desenvolvido e mantido pela Phibro Saúde Animal, registrou em 2022 a incidência de 9,86% de lesões provocadas pela Eimeria acervulina, 6,18% pela Eimeria maxima e 4,98% pela Eimeria tenella nos frangos de corte monitorados pelo programa. Essas três espécies são as mais importantes causadoras da coccidiose em frangos de corte. Em 2021, o índice foi de 11,96% para E. acervulina, 7,64% para E. maxima e 4,34% para E. tenella

Os dados foram tabulados a partir da avaliação de 5.920 aves em 2022 pelo Programa AVIS. Eles mostram que o problema é presente e constante no país. Além disso, em uma avaliação de prevalência em períodos diferentes da vida do frango (como ilustrado no gráfico) é possível notar que há maior incidência de coccidiose após os 25 dias de idade, em especial para E. acervulina e E. maxima, as duas espécies que causam maior prejuízo à indústria avícola. 

No primeiro período, que vai até os 24 dias de idade, a prevalência de E. acervulina foi de 5,17%; a partir dos 25 dias, o índice subiu para 12,41%. Para E. maxima, a primeira fase teve prevalência de 3,76% e, na segunda, a taxa subiu para 7,48%. A tendência não ocorreu para E. tenella, cuja prevalência variou de 0,01 ponto percentual para baixo, passando de 4,97 (até 24 dias) para 4,96% (após 25 dias de idade). 

Os mais representativos índices da doença foram observados nos meses de junho e julho para E. acervulina, com 16,94% e 17,49%, respectivamente. Para E. maxima, os meses de fevereiro e novembro mostraram as maiores incidências – 8,25% e 7,63%. Não há ligação clara com determinada época do ano (verão ou inverno), mas provavelmente a relação ocorra em razão de alguns fatores: as condições de manejo propícias para a esporulação dos oocistos (umidade e temperatura da cama); as condições adversas de ambiência que impactam o consumo de ração pelas aves; e o programa anticoccidiano em uso. 

Aliás, o planejamento do programa anticoccidiano focado na rotação correta das moléculas utilizadas nos produtos – o que chamamos de “rotação de fato” – é uma estratégia técnica e importante para o controle eficaz da enfermidade. Essa prática, evidentemente, não exclui a necessidade de propiciar condições de ambiência e manejo adequadas nos galpões. 

Além disso, por meio de monitoria sanitária – como a realizada pelo Programa AVIS, podemos identificar comportamentos e tendências no plantel, enxergando oportunidades para gerar melhores resultados zootécnicos e sanitários às aves. Em estudo de 1993, Conway e colaboradores demonstraram que aves lesionadas por E. maxima, mesmo com baixos escores de lesão, obtiveram menor ganho de peso e pior conversão alimentar quando comparadas a aves sem coccidiose. Ao utilizar uma ferramenta para gestão dos dados de necropsia, é possível dar visibilidade às informações, criar alertas quando determinados índices são ultrapassados ou estão em tendência de aumento – o que auxilia de forma efetiva na tomada de decisões proativas e na redução de prejuízos. 

Disponível no Brasil desde 2019, Programa AVIS, da Phibro, obtém dados diretamente nas granjas, via aplicativo para smartphone. Essas informações são sincronizadas em um plataforma on-line. O aplicativo é extremamente simples e conta com guia de lesões, servindo como apoio ao técnico que realiza a necropsia. Apesar de simples, o aplicativo é completo, conta com parâmetros de avaliação não apenas do sistema intestinal e coccidiose, mas também do sistema imune, sistema respiratório, lesões sugestivas de micotoxinas, sistema locomotor e desenvolvimento. Na plataforma www.phibrointestinalhealth.com.br é possível emitir relatórios personalizados, sendo possível visualizar o comportamento das prevalências por idade, região, sexo, linhagem e tipo de galpão. Esta ferramenta auxilia na gestão dos dados, dando suporte à saúde e ao bem-estar dos plantéis. 

Os desafios sanitários na avicultura são expressivos, exigindo importante investimento no custeio da prevenção, controle e tratamento de doenças e proporcionando altas perdas em produtividade. Diante desse desafio, contar com uma ferramenta como o AVIS que auxilia no monitoramento da coccidiose e outros parâmetros sanitários é atuar de maneira holística e comprovadamente eficaz em benefício da saúde, do bem-estar animal e, como consequência intrínseca, da produção de alimentos seguros e saudáveis para a população. 

Jessica Wammes assessora técnica de avicultura – Foto: Divulgacão

Da Assessoria Viviane Passerini

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