A suinocultura, a tecnologia e os chiqueirões verticais da China
A suinocultura brasileira está entre as mais produtivas, qualificadas e sustentáveis do mundo, especialmente no Oeste do Paraná, que concentra os maiores rebanhos, abates, volumes de produção, transformação e exportações do País, mas mesmo assim temos muito a aprender com as graves crises e experiências inovadoras de criadores de outras nações.
Este é o caso da empresa chinesa Zhong Xin Kaiwei, da província de Hubei, que anunciou a conclusão da mais alta fazenda vertical para criação de suínos do mundo ainda no ano passado, contando com prédio de 26 andares, onde a produção foi iniciada oficialmente em setembro de 2021.
Conforme dirigentes da empresa, o edifício é a primeira fase de projeto de ampliação da criação de suínos na região, que começará com abate anual de 600 mil animais. Quando o complexo estiver concluído, a produção anual deve atingir 1,2 milhão de cabeças de suínos por ano, volume dezenas de vezes maior do que a capacidade da maioria das granjas “horizontais” tradicionais de províncias da China.
Outras informações relevantes são também de empresas chinesas, muitas das quais de áreas tecnológicas, que participam desse empreendimento inovador na gestão e manejo de animais dentro de prédios, em diversas etapas. O modelo tem, entre outras curiosidades, elevador com capacidade para 40 toneladas, com área útil de 65 m² e que pode elevar ou descer entre andares do prédio, lotes de mais de 200 animais de cada vez.
O empreendimento é o mais alto da suinocultura, mas não é o maior da atividade na China ou no mundo. Outra grande empresa local, Muyuan Foods, iniciou em março do ano passado conjunto de 21 prédios para produção de suínos, esse sim o maior do planeta.
A nova unidade já opera em alguns dos prédios e é mais um exemplo do ritmo acelerado com que as granjas tecnificadas estão substituindo pequenas unidades na China, após surto de Peste Suína Africana. A unidade está sendo implantada na região de Nanyang e deverá abrigar 84 mil matrizes e produzir 2,1 milhões de suínos ao ano.
Segundo especialistas chineses, os suínos crescem bem em ambiente limpo e organizado, mesmo que elevados, de acordo com medidas de biossegurança. O modelo, desde 2019 adota amplo processo de inseminação artificial. As fazendas verticais oferecem condições para produção em grande escala, de forma segura, estável e eficiente, reduzindo a volatilidade da oferta de suínos para abate.
Planejadas para serem sustentáveis, as fazendas verticais chinesas prometem reduzir a poluição por gás e sonora, além de diminuir significativamente o impacto da produção de suínos entre moradores vizinhos, além garantir o bem-estar das criações.
As novas granjas-prédios da China possuem altíssimo padrão tecnológico e um exemplo disso está no reconhecimento facial de animais, através de visão computacional e automatização da maior parte dos processos produtivos, utilizando inteligência artificial no manejo e se tornando referência no enfrentamento de surtos da Peste Suína Africana.
A retomada da expansão da suinocultura da China, após forte impacto da temida enfermidade, tem chamado a atenção pela tecnologia aplicada pelos criadores, que unidos a consumidores chineses de cerca de 50 milhões de toneladas de carne suína por ano, lutam para reformular o controle de sanidade na cadeia produtiva e evitar novos surtos de doenças, como a Peste Suína Africana no país.
*O autor é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado
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