BC eleva Selic a 11,75%: como isso afeta seus investimentos?

Felipe Braga Jorge

Conforme já previsto pelo mercado, a taxa básica de juros (Selic) foi elevada em 1,0 ponto percentual após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), finalizada em 16 de março, chegando a 11,75% ao ano. Os números refletem um aumento inferior ao ritmo de 1,5 p.p. que prevaleceu nas três últimas reuniões. Esta é a nona alta consecutiva da taxa Selic, que é o principal instrumento para o Banco Central buscar conter a inflação.

Devido ao conflito no leste europeu, entre Rússia e Ucrânia, houve um forte avanço no preço das commodities, sejam metálicas, energéticas e alimentícias, como por exemplo, o preço do barril de petróleo, que já passou da casa dos US$110,00. Isso faz com que a inflação se mantenha em níveis elevados.

De maneira geral, os títulos atrelados à taxa Selic e a inflação têm se beneficiado do aumento das taxas de juros, por outro lado, investimentos como moedas, fundos de investimentos e ações têm operado com mais volatilidade.

Mas como isso afeta os seus investimentos?

Vamos começar pelos investimentos de Renda Fixa Pós fixados, que incluem ativos como Títulos públicos atrelados à taxa de juros, Títulos públicos atrelados à inflação, CDBs, RDC, LCA, LCI, poupança e as debentures. Normalmente, estes títulos acompanham o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), principal referência de rentabilidade das aplicações em renda fixa e que variam de acordo com as oscilações da taxa de juros. É difícil saber exatamente a rentabilidade final dessas aplicações, pois isso vai depender de questões de mercado, como aumentos e diminuições na taxa de juros e inflação no período.

O risco é de que a taxa de juros ou a inflação caiam, o que ocasionaria diminuição na rentabilidade dos títulos, assim como caso elas subam, retornaria uma rentabilidade mais alta para os investimentos. São os investimentos de menor risco visto que acompanham uma referência de mercado.

Partindo para os Pré fixados, classe que incluem os ativos como os Títulos Públicos Pré Fixados, CDBs, RDC, LCA, LCI e as debêntures, sabemos exatamente quanto vamos receber ao final do período investido.

Com a taxa Selic em 11,75% a.a., e com viés de alta, esses investimentos podem oferecer boas taxas para quem deseja levá-los até o vencimento. Contudo, eles podem representar um maior risco caso deseje se desfazer do título antes disso.

O risco que pode incorrer é de a taxa de juros seguir subindo e o investidor deixar de ganhar com taxas mais altas. Porém, caso a taxa de juros caia, o investidor estará garantido com uma rentabilidade mais alta.

Já os investimentos de Renda Variável, como os Fundos de Investimentos Multimercado ou de Ações são indicados para diversificação, visto que são ativos de risco médio/alto, contam com expertise de um gestor profissional.

Como estes mercados encontram-se com alta volatilidade, a depender da estratégia do gestor a performance de curto prazo pode ser impactada, sendo melhor ou pior, por isso é importante ter visão de longo prazo para ativos de maior risco.

No mercado de ações à vista, a volatilidade é predominante, é indicado para investimentos mais de longo prazo. Com os aumentos na taxa de juros, a tendência é de migração da renda variável (ativos de mais risco) para renda fixa (ativos de menos risco), o que acaba gerando oportunidade de investimentos em ótimas empresas e que estejam com uma precificação baixa, seja para lucrar com as ações ou com dividendos ao longo do tempo.

Por fim, é importante o investidor ter conhecimento se o seu perfil é conservador, moderado ou arrojado, e sempre procurar instituições sólidas, seguras e que possam auxiliar nas decisões de investimentos.

Felipe Braga Jorge é analista de Negócios de Investimentos no Sicredi.

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