O agronegócio brasileiro e a sustentabilidade da atividade produtiva

Dilceu Sperafico

A questão da sustentabilidade, por mais contraditório que possa parecer, é muito mais importante e urgente para o agronegócio do que para toda as demais atividades econômicas e sociais, prejudicadas pelo desequilíbrio ambiental, causado pela emissão de gazes poluentes, destruição ou contaminação de recursos naturais e aquecimento global, que colocam em risco a saúde e até mesmo a sobrevivência da humanidade.

Esse diferencial é muito simples e visível, porque o agropecuarista é o maior interessado na preservação ambiental, na medida em que exerce atividade econômica, com altos investimentos, a céu aberto e exposta às adversidades climáticas, como secas, enchentes, temporais de granizo e vendavais, que muitas vezes comprometem toda a colheita planejada, da qual depende não apenas o pagamento de financiamentos agrícolas, mas também a sobrevivência de produtores e trabalhadores rurais e suas famílias.

Na verdade, a perda de safras traz consequências negativas imediatas para toda a sociedade, pois na medida em que a oferta de alimentos é reduzida ou prevista, mesmo que temporariamente, seus preços sobem para distribuidores, comerciantes e consumidores, com prejuízos econômicos para toda a população.

Outro efeito altamente negativo da frustração das colheitas está na redução e até eliminação de excedentes exportáveis, comprometendo os superávits na balança comercial com o exterior, o que é fundamental para o poder público e segmentos produtivos do País.

Consciente dessa realidade, o agronegócio, através do uso da tecnologia no campo vem procurando fazer a sua parte na busca da preservação ambiental, reduzindo o volume de defensivos agrícolas nas lavouras, aperfeiçoando o aproveitamento do solo e evitando a abertura de novas áreas para as atividades agropecuárias.

Conforme especialistas, a agricultura brasileira é a mais sustentável do mundo, ainda que existam problemas que precisam ser corrigidos.  Desmatamento ilegal, incêndios, invasões de terras e grilagem, na Amazônia e demais regiões do País são abusos que têm de ser eliminados, através do combate à criminalidade, aplicação do Código Florestal e resolução de questões fundiárias, visando a melhoria da imagem do País em todo o planeta.

Graças ao uso de modernas tecnologias e novos métodos de produção, o agronegócio brasileiro consegue alcançar produtividade e produção muito maiores em áreas menores, dispensando a necessidade de   ampliação de lavouras e/ou pastagens, para a manutenção e ampliação da oferta de alimentos, como grãos e proteínas animais, além de matérias-primas para a indústria de transformação, destinadas aos mercados nacional e internacional.

De acordo com pesquisas recentes, a agropecuária brasileira progrediu muito nos últimos anos no aspecto ambiental. Além das tecnologias que permitem aumento da produtividade e da produção sem ampliar as áreas de cultivo, a própria legislação avançou, freando ações ilegais, principalmente relacionadas ao desmatamento.

O crescimento da produtividade em pastagens está liberando mais áreas para a agricultura e elevando a oferta de alimentos sem a necessidade de desmatamentos. Mesmo assim, persistem ações ilegais e os primeiros interessados em combater esses abusos são os próprios produtores rurais e demais profissionais do setor, pois a sustentabilidade é muito relevante para a melhora da imagem do País e o aumento das exportações.

O autor é ex-deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br

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