Os avanços dos tratores autônomos no agronegócio brasileiro

Dilceu Sperafico*

Com a economia globalizada e os avanços das tecnologias, as mudanças no mundo são cada vez maiores, mais surpreendentes e mais rápidas. No agronegócio, por exemplo, tratores operando sem motoristas, tratoristas ou operadores de máquinas, já são realidade em diversos países, para motivação de produtores e trabalhadores rurais mais tradicionais.

Enquanto os primeiros robotáxis ou automóveis sem motoristas começam a circular pelas ruas dos Estados Unidos e China, o agronegócio passou a contar com tratores autônomos, que superaram a necessidade de operadores ou condutores, sem nenhum prejuízo à qualidade e eficiência das atividades desenvolvidas no processo de cultivo e produção de alimentos e matérias-primas.

Na primeira semana de dezembro último, por exemplo, a empresa Nvidia, em parceria com a startup norte-americana Monarch Tractor, anunciou o lançamento comercial de trator elétrico inteligente, que não necessita mais de ser humano na sua direção. Para isso, o equipamento utiliza sistema de câmeras e recursos de GPS ou sistema de posicionamento global via satélite e de inteligência artificial, que permitem ao veículo se deslocar com segurança por diferentes áreas agrícolas.

Conforme especialistas, o trator pode ser configurado para trabalhar com diferentes implementos e executar diversas tarefas, como preparo do solo, distribuição de sementes e pulverização de defensivos, entre outras, em locais e áreas pré-determinadas. Além disso, o veículo moderno coleta e analisa dados para gerar informações em tempo real sobre o rendimento da de sua atividade e da produção no campo.

A inovação não se resume apenas aos Estados Unidos, pois a empresa japonesa Iseki and Co. já havia lançado em 2018 o seu Robot Tractor TJV655, que pode trabalhar 24 horas por dia, sendo capaz de detectar qualquer obstáculo no campo e parar automaticamente quando necessário. A máquina também pode ser usada para arar o solo e aplicar a quantidade ideal de sementes. fertilizantes e defensivos.

O Brasil, como país líder na produção e exportação da agropecuária mundial, deve adotar esse tipo de tecnologia de automação com intensidade nos próximos anos, conforme as redes de telecomunicações digitais se expandem no campo. Dados do Ministério das Comunicações apontam que 43,6% dos moradores do campo do País já têm acesso à internet.

Mesmo assim, somente com a chegada do sistema digital 5G, que oferece maior banda de internet e menor latência, será possível impulsionar o uso de tratores autônomos, como também de drones com inteligência artificial e diversas outras máquinas operadas à distância. Por enquanto, além da falta da conectividade no campo, o custo da nova máquina ainda é considerado fator limitante para popularização da tecnologia no agronegócio brasileiro. Um trator autônomo japonês, por exemplo, pode custar mais de 600 mil reais.

Apesar disso, a adoção desses veículos inteligentes tende a se tornar algo quase obrigatório, devido à falta de mão-de-obra e ao aumento das áreas cultivadas, além da expansão da demanda pela produção de alimentos no País e no mundo, que tornam a agricultura cada vez mais automatizada. Para oferecer tratores autônomos mais acessíveis, a empresa brasileira VIX Logística lançou em julho do ano passado, o “Galileu”, veículo de nível quatro de automação e que pode ser usado no agronegócio, indústrias e outros segmentos produtivos.

*O autor é deputado federal eleito pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

E-mail: dilceu.joao@uol.com.br

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