Você tem mais dívidas boas ou ruins?

Por Adélia Glycerio

Quando o assunto é organização financeira, nosso povo sofre de uma grave inversão de valores. O que acontece é que a maioria dos brasileiros tem o hábito de gastar primeiro para só depois gerar renda para honrar as dívidas assumidas. Não faço julgamentos, pois esta é uma condição que afeta milhões em todo o país, justamente pela falta de orientações sobre como lidar com dinheiro.

Ensinamentos sobre finanças deveriam ser incluídos nos planos de educação desde os primeiros anos de idade. Isso porque o comportamento de gastar mais do que se ganha tornou-se praticamente cultural. Precisamos fazer um movimento para modificar esse traço que carregamos por gerações e evitar que ele seja passado adiante para nossos descendentes.

É um processo trabalhoso e extremamente necessário. Mas como quem já está endividado neste momento pode cuidar do próprio orçamento e finalmente quitar os débitos? Bom, a primeira etapa é entender qual o montante devido e classificar os gastos entre dívidas boas e ruins. Aí você me pergunta: e lá existe dívida boa?

A dívida boa ou inteligente é aquela feita com planejamento, quando você se organiza para realizar um gasto e sabe como poderá quitá-lo. É a compra de um imóvel financiado com parcelas menores do que o aluguel. Outro exemplo é fazer um empréstimo para montar um negócio que você sabe exatamente quanto fatura, viabilizando assim o pagamento do valor emprestado.

Já a dívida ruim é aquela que você faz sem pensar nas consequências. Além de tirar dinheiro do seu bolso, ela geralmente cresce como uma bola de neve por conta dos juros. Um exemplo é pagar apenas o valor mínimo do cartão de crédito ou aquele empréstimo com taxas abusivas ignoradas ou mal negociadas.

Sabendo destas classificações, você diria que tem mais dívidas boas ou ruins? Se o seu caso pender mais para os débitos ruins, você precisa anotar tudo no papel, no caderno ou em uma planilha com as suas demais despesas. Ao visualizar estes valores, você se situa e percebe a sua real situação financeira.

Para eliminar as dívidas, priorize pagar aquela com os juros mais altos. Se possível, troque uma dívida por outra com taxas menores, como trocar o cartão de crédito por CDC. Não tenha pressa, liquide primeiro uma dívida e depois outra. Tenha em mente que este processo pode levar até alguns anos.

Você deve direcionar seu olhar para as dívidas com as maiores taxas de juros. Não foque apenas no montante total. Isso porque os juros podem aumentar o valor que inicialmente parece pequeno. Aqui não sugiro nada muito radical, mas, se for necessário, cancele seus cartões de crédito até aprender a se controlar. É melhor evitar as tentações financeiras.

O pagamento das suas dívidas é um dos pilares para criar um plano sólido para alcançar sua liberdade financeira. Você pode começar hoje, mudando de mentalidade e priorizando investir em primeiro lugar. Assim você terá a oportunidade de criar um futuro digno e não precisará trabalhar durante toda a velhice por necessidade, apenas por prazer se assim desejar.

Adélia Glycerio é advogada, educadora financeira e autora do livro “Independência Financeira: 7 Princípios para Você Alcançar Seus Sonhos”.

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