A dengue fora de controle
Os números da dengue em Toledo – e em algumas cidades da região – não param de subir. Estão começando a sair do controle, até porque não tem como se controlar milhares de pessoas, ‘zilhões’ de lugares ao mesmo tempo. A doença é um problema crônico pela mistura explosiva que permeia a sociedade brasileira: um clima tropical – com direito a chuva e calor intenso; uma sociedade onde seguir regras é quase um pecado; e um sistema de fiscalização falho. Some-se a isso a ‘Síndrome do Super-Homem’ que parece afligir quase todo cidadão tupiniquim: “Ah, isso não acontece comigo. Não na minha família! Imagina, lá em casa ninguém pega”.
Acontece e qualquer um pega. Em qualquer família! Até porque o mosquito transmissor da dengue é democrático ao extremo. Consegue atender a tudo e a todos, sem escolher classe sócia, cor, raça, credo, preferência de clube de futebol. O mosquito não escolher se o bairro é chique ou se está na zona urbana ou no interior. More a pessoa numa mansão ou num casebre pouco importa, pois a dengue não respeita limites geográficos, tampouco barreiras sociais.
E, neste voo da democracia, a dengue segue fazendo vítimas em todos os cantos. Muitas por mero acaso. Outras como uma espécie de ‘castigo’ diante de tanta imprudência em relação à doença que ainda não tem cura e tampouco se sabe quando terá. A melhor forma de prevenção ainda é evitar manter em casa locais onde o mosquito possa se reproduzir e usar – bastante – repelente, assim como outros produtos capazes de reduzir os ataques furtivos desses ‘mosquitinho xarope’.
A dengue fora de controle é culpa de todos. Sem exceção! Governantes, cidadãos comuns, imprensa, todos têm sua parcela de culpa nessa história, até porque geralmente fala-se em dengue somente quando se está numa situação como essa, onde o controle está por um fio e onde não há muito mais a ser feito se não o uso do fumacê, numa tentativa desesperada de conter o incontrolável.
A dengue – assim como outras doenças – precisa ser discutida com maior frequência, o ano inteiro de preferência. Assim, quem sabe, será possível criar uma nova geração mais preparada para enfrentar este e outros problemas advindos de uma cultura atrasada e acostumada com o paternalismo governamental que promete muito e resolve – muito – pouco.