A pressa nas decisões

Há algum tempo os ministros que integram o Supremo Tribunal Federal no Brasil parecem ter se transformado em muito mais que apenas togados na mais alta corte do país. Viraram uma espécie de semideuses travestidos de poderes especiais que contrariam, em alguns casos, até mesmo o bom senso coletivo. De janeiro para cá a situação piorou ainda mais com a retomada em discussões já sacramentadas pelo próprio STF num passado nem tão distante assim para se ter, ao menos, a desculpa de serem novos tempos na ignara sociedade brasileira.

Graças a esse comportamento errático e muitas vezes carregado de paixões ideológicas ou partidárias, uma parcela considerável de ministros do Supremo ajudam a criar um clima ainda mais desequilibrado e inseguro. Basta observar o que aconteceu com a anulação das provas obtidas através da Operação Lava Jato e a consequente perseguição ao deputado federal eleito pelo Paraná Deltan Dallagnol. A lista de absurdos – ao menos para quem está do lado de cá do mundo real – não para de crescer e nos últimos dias acrescentou dois assuntos polêmicos e que já estavam sacramentados: a adoção do Marco Temporal e a questão do aborto.

No caso do Marco Temporal, a decisão do STF pode ter consequências muito sérias para o agronegócio brasileiro, o qual pensava já ter superado esse trauma. O ‘fantasma’, entretanto, voltou após um caso isolado em Santa Catarina ter sido levado ao STF e alguns ministros decidirem reabrir a discussão e levar o que antes era um caso isolado para o genérico.

A pressa nas decisões dos ministros do Supremo abrem brechas para críticas severas e, claro, margem para as mais variadas interpretações, algo que em nada contribui para a criação de um ambiente mais sensato quando se tratam de decisões tão importantes e com fortes impactos em toda a sociedade. Retomar essas duas discussões é brincar com a inteligência de quem sonha em ver ainda um país decente para se viver, algo que o Brasil caminha no sentido contrário graças a decisões como essas do STF, onde cada vez mais os holofotes se dirigem no sentido de mostrar a falta de luz em algumas de suas ações.

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