A saúde mental
Ontem (13), jogadores da seleção brasileira de futebol se solidarizaram com o atacante Neymar após ele afirmar que a Copa do Mundo no Qatar deverá ser sua última. Embora tenha condições físicas de disputar a de 2026, o atleta ressaltou não ter saúde mental para mais um ciclo neste nível. Nas Olimpíadas de Tóquio, a norte-americana Simone Bales chocou o mundo ao desistir de participar da disputa no geral individual e também das finais em alguns aparelhos citando o mesmo problema.
Atletas profissionais são submetidos a pressões o tempo todo. Desde muito cedo aprendem a suportar a dor física, entretanto, parece ser cada vez mais comum sucumbirem à dor emocional, até porque em geral a preparação de um atleta ou de uma equipe quase sempre se concentra mais em termos táticos e técnicos que emocionais. Raros são os trabalhos desenvolvidos para auxiliar as grandes estrelas a lidarem com a fama mundial.
Mas estes são casos de estrelas. E o que dizer a quem não chega nem perto desta condição? Atletas submetidos a treinamentos em condições desumanas, com salários atrasados e outros problemas que infelizmente são comuns no meio esportivo. Não apenas o brasileiro. A saúde mental é um assunto sério e que precisa ser melhor debatido e não somente no campo esportivo, até porque a pandemia do novo coronavírus tem mostrado que é cada vez mais comum as pessoas sucumbirem às pressões de um cotidiano intenso e insano, carrasco.
Em alguns países da Europa foram adotadas, por exemplo, uma jornada menor de trabalho a fim de oferecer ao cidadão a oportunidade de ter momentos de lazer e com ótimos resultados. Num país como o Brasil, onde muitos sequer sabem o que comerão no dia seguinte parece ser impensável adotar medidas como essa, entretanto, servem como parâmetro para se definir o que pode ser feito a fim de reduzir essa pressão cada dia maior e mais frequente. De tudo e de todos. Em tudo e em todos.
A doença mental não está resumida ao campo esportivo e precisa ser encarada de maneira mais corajosa e menos preconceituosa, afinal, estar doente da cabeça não é ‘frescura’, ‘corpo mole’ ou quaisquer outros adjetivos utilizados com frequência para tentar determinar quem sofre. E muito!
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