A verdadeira inflação

Enquanto no mundo paralelo da política e do serviço público se discute a ‘reposição’ salarial do prefeito de Toledo, do seu vice e dos secretários, no mundo real do cidadão comum o levantamento feito pela Unioeste e publicado pelo JORNAL DO OESTE nesta quarta-feira (20) mostra o quanto a verdadeira inflação pesa sobre os bolsos de milhares de toledanos. De acordo com a pesquisa, o valor da cesta básica na cidade foi mais que o dobro da inflação oficial, ou seja, uma redução ainda maior do já combalido poder de compra. Enquanto isso, dentro da Câmara Municipal, os vereadores reduziram em 0,5% o reajuste de quase 35% que será repassado e, de acordo com a desculpa oficial, para conseguir pagar um salário melhor a um grupo de médicos que já recebem o teto estabelecido por lei, ou seja, o salário pago ao prefeito.

Não que os servidores ou qualquer outro trabalhador não mereça receber aquilo a que tem direito, entretanto, caso nada seja feito, em breve não haverá mais recursos para manter a estrutura pública funcionando, haja vista o elevado aumento de gastos e a redução do poder de compra do cidadão comum, do trabalhador que igualmente tem seus impostos descontados.

A verdadeira inflação não é aquela discutida em ambientes refrigerados por quem vive fora da realidade ou no ‘metaverso da loucura’ criado pela política nacional. A verdadeira inflação destrói orçamentos práticos, aniquila sonhos, faz sucumbir qualquer tipo de esperança em dias melhores, derruba projetos e adia melhorias.

A verdadeira inflação é ainda pior que cerca de 22,5% apurados pela pesquisa da Unioeste, até porque essa não leva em conta outros fatores, como aumento dos combustíveis, alta das mensalidades de planos de saúde ou de escolas particulares, não apura as elevações de preços das tarifas públicas ou de serviços como telefonia celular ou internet. A cesta básica diz respeito àquilo que é consumido no cotidiano da maioria das famílias e é feita pelo menor preço praticado de determinados produtos, sem levar em conta gostos pessoais ou preferência de marcas, até porque a inflação de cada dia não tem dado trégua para esse tipo de luxo.

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