As cotas nossas de cada dia
Às vésperas de mais uma eleição, a corrida em alguns partidos não é apenas por votos, mas por candidatas. A qualificação pouco importa, desde que seja mulher! Infelizmente essa é a triste realidade da política brasileira que leva a situação como a registrada há alguns dias no Paraná, quando a Justiça Eleitoral detectou irregularidades na formação da chapa com as candidatas de um determinado partido, que não vem ao caso citar, até porque esse é um problema que atinge praticamente todas as legendas.
É o problema das cotas, uma política adotada no Brasil sob o pretexto de reduzir as desigualdades, algo que na prática alguns até podem pensar representar uma diferença que não existe. Na política mesmo a presença feminina ainda é pífia. Culpa das mulheres? Não, ainda mais porque enfrentam um universo machista e culturalmente atrasado quando se trata da presença feminina. Não se trata de capacidade, até porque essa qualidade não escolhe sexo, ou gênero, como seja do agrado do cliente.
Isso se reflete também nas cotas sociais para negros, índios, entre tantas outras criadas no país. Mais fácil distribuir cotas ao invés de atacar os verdadeiros problemas que provocam essa discrepância social que apenas vem se intensificando no Brasil nos últimos anos. A distribuição de bolsas disso e daquilo são necessárias, sim, desde que junto com ela venham programas de capacitação, de qualificação que permitam ao cidadão se sustentar por suas próprias pernas ao invés de ficar cada dia mais dependente da mão paternalista do Estado – em todas suas esferas.
Também é preciso atacar o próprio sistema de governo e as benesses intermináveis de benefícios que algumas parcas classes públicas possuem e inflam por demais o custo da máquina pública. Porém é mais fácil encher o povão de cotas e, com isso, silenciar eventuais vozes críticas que ousam atacar esses seres tão benevolentes que se perpetuam em ternos engomados e caros e fazem o que bem entendem. Quando e como bem entendem.
As cotas nossas de cada dia surgem e se ampliam numa velocidade que ludibriam cada vez mais a turba ignara, inconsciente do abismo para o qual está sendo tragada mais e mais.