As malas e os índios
Quem chega a Toledo de ônibus enxerga uma cidade bem organizada, com uma avenida – a Parigot de Souza – com trânsito fluindo rápido através de suas rotatórias, sinalização bem feita e uma energia comercial diversificada. Entretanto, quando o ônibus estaciona no Terminal Rodoviário a impressão é de algo de muito errado ter acontecido no meio do caminho, pois além dos andarilhos – que começam a aparecer em maior número – é de impressionar a quantidade de índios literalmente acampados em torno do espaço. Uma verdadeira aldeia instalada na principal porta de entrada à cidade.
É um problema complicado para se resolver porque não se trata apenas de uma questão social, mas cultural e de política, pois apenas técnicos da Funai tem permissão para abordar os indígenas que durante o dia são flagrados nas esquinas pedindo ‘uma moedinha’ ou vendendo seu artesanato. De noite todos se unem na ‘Aldeia Ônibus’, ao lado de andarilhos e artistas de rua. É preciso aumentar ao menos a fiscalização, seja através da Guarda Municipal, seja pela própria Polícia Militar para, ao menos, conter o avanço de uma população de rua que, sim, precisa ser assistida, mas que também precisa respeitar o direito de ir e vir dos demais cidadãos e a propriedade privada.
A administração municipal não pode simplesmente fechar os olhos para algo que bate à sua porta, seja através da Secretaria de Assistência Social ou, como já escrito, da Guarda Municipal.
E não se trata apenas de uma questão estética, pois a permanência dessas pessoas em condições precárias pode se tornar um problema de saúde pública, sem mencionar a questão da própria segurança. No caso dos índios há várias crianças entre eles, muitos com idade bastante baixa e expostas a situações que em nada irá lhes acrescentar no desenvolvimento enquanto seres humanos plenos.
O tema é sério e precisa ser discutido de maneira ampla pela sociedade, afinal, em Toledo não existe uma reserva indígena e é preciso descobrir os motivos dessa ‘migração’, bem como atacar os reais problemas que existem dentro das aldeias que não permitem a essas pessoas se fixarem por lá. O que não se pode mais tolerar é o descaso que só faz aumentar o problema.
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