Bicho do Paraná

Quatro fêmeas prenhas da raça Purunã já estão alojadas nas instalações do Colégio Agrícola Estadual de Toledo. Elas chegaram em fevereiro, mas somente nesta quinta-feira (28) ocorreu a solenidade de entrega em uma cerimônia realizada no auditório do Colégio Agrícola. Para o recebimento desses exemplares de matrizes foi firmado um Termo de Cooperação Técnica que representa um passo a mais rumo à consolidação de uma raça genuinamente paranaense. Literalmente, é bicho do Paraná!

As questões técnicas competem aos especialistas do setor discutirem para ver em qual região esta nova raça de gado se adapta melhor. Para quem é paranaense e defende este estado, a Purunã é um marco, afinal, representa tudo aquilo que o estado tem de melhor, ainda mais num setor onde sempre foi referência: o agronegócio. O gado de corte, claro, agrega valor ao campo e torna-se uma opção a mais de diversificação na produção, entretanto, é um símbolo do ‘paranismo’ em sua essência.

Ao contrário de outros estados da federação, que se orgulham de suas tradições e as divulgam aos quatro cantos, o Paraná é um Estado quase autofágico. Em todas as esferas existe certo preconceito contra quem se destaca. Seja na política, na arte, no esporte, no agronegócio, parece que paranaense não pode fazer sucesso. Talvez pelo processo de formação do estado, dividido em regiões cujas influências externas sejam bastante caracterizadas, exista certa disputa quanto a quem se destaca mais dentro das terras paranaenses.

A chegada da raça Purunã pode ser um primeiro passo rumo à integração completa do Paraná, afinal, os animais são fruto de tudo aquilo que o paranaense tem de melhor: estudo, pesquisa, tecnologia e muita, mas muita vontade de trabalhar. O resultado obtido é fruto de mais de 30 anos de estudos e o nome, Purunã, é uma homenagem à Serra do Purunã, que delimita os Campos Gerais do Paraná e fica próxima à Fazenda-Modelo, em Ponta Grossa, onde os cruzamentos e pesquisas foram desenvolvidos. Visando obter maior rendimento, há décadas os criadores buscam melhorar os rebanhos por meio de seleção baseada em avaliações genéticas e dos chamados cruzamentos industriais, estratégias que nem sempre dão bons resultados, pois, na maioria das vezes, desconsideram a aptidão das raças utilizadas nos cruzamentos e os parâmetros genéticos para o máximo aproveitamento do que cada uma delas pode oferecer de melhor.

Capacidade existe, tradições existem, diferenças existem. Resta agora existir uma cultura verdadeiramente paranaense e o gado Purunã, quem sabe, pode servir de elemento de unificação em torno da bandeira do verdadeiro bicho do Paraná.

...
Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.