Campanha – cada vez mais – polarizada
O anúncio da desistência do governador de São Paulo João Dória na corrida presidencial é o triste fim de uma tragédia anunciada. Nem dentro do PSDB paulista Dória tinha o apoio necessário a fim de aglutinar em torno do seu nome uma terceira via viável. Nem o MDB de Simone Tebet, assim como qualquer outro postulante ao cargo no atual momento. Sérgio Moro enxergou isso mais cedo e também saiu da disputa quase que como havia entrado, ou seja, em silêncio.
E por que está difícil se criar uma terceira via consistente no Brasil?
Primeiro pela própria configuração do sistema político nacional, onde os partidos orbitam em torno dos governos sem a menor cerimônia, tornando difícil a criação de um pensamento próprio capaz de aglutinar outras forças e fazer decolar um projeto diferente destes que lideram as pesquisas eleitorais no atual momento.
Outro ponto a ser levado em consideração é que os líderes nas pesquisas são dois fenômenos políticos daqueles que só o Brasil é capaz de produzir de tempos em tempos. Assim foi com tantos nomes que já ocuparam o posto máximo do Executivo, como Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, para citar apenas dois bons exemplos dessa personificação do super herói tupiniquim capaz de salvar a tudo e todos, menos o país para o qual foram eleitos a fim de governar.
Tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quanto o atual Jair Bolsonaro, merecem respeito pela personagem quase mitológica que criaram em torno de si. Lula é uma espécie de Padre Cícero, enquanto Bolsonaro não é chamado de Mito por seus seguidores à toa. Não que fenômenos políticos sejam ruins. Só não poderiam virar uma espécie de tábua de salvação para a sociedade. É injusto com a nação e com os próprios políticos.
O problema é que ambos adoram essa onda de seguidores, acirrando ainda mais uma campanha que desde o início já se anunciava polarizada e só vem se acentuando à medida que a eleição se aproxima. O problema é que esse acirramento não fica restrito apenas ao campo político, trazendo reflexos na própria política dos governos e, claro, à própria sociedade que muitas vezes não consegue enxergar quão prejudicial pode ser uma eleição.