Estratégia ou provocação?
A confusão envolvendo a escolha do vice-prefeito de Toledo para o cargo de secretário-executivo do Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná (Ciscopar) tem muito mais a ser analisado que a indicação por si só ou a intervenção do Ministério Público e mostra o quanto as esferas de administração no Brasil precisam avançar e seus ocupantes pensarem antes de agir.
Ademar Dorfschmidt já foi declarado pré-candidato a deputado estadual na eleição de 2022. Nem ele, tampouco o prefeito Beto Lunitti escondem essa intenção, embora o discurso de Ademar tenha mudado um pouco nos últimos dias. Fato é que, sendo indicado ao cargo no Ciscopar, certamente haveria ali um belíssimo trampolim político. Ao menos em teoria, porque na prática este tem sido um dos cargos mais ‘bombardeados’ nas últimas gestões. E isso sem um ocupante de cargo eletivo.
Pode até ter sido apenas boa vontade, afinal, Ademar deixou claro que não pretendia acumular salários – até porque isso é impossível sob a ótica da lei – e que essa economia poderia ser revertida em novas ações na saúde. Pode, por que não? Acontece que eram fartos os argumentos impedindo essa ação, sendo a mais grave a questão moral, haja vista sua prévia vontade em disputar a próxima eleição.
Não que os cargos no Ciscopar ou em qualquer outra esfera das administrações públicas país afora não sejam usados de maneira política. Em geral o são, todavia, ainda existem algumas regras para tentar minimizar essa interferência.
Pode ter havido provocação na indicação? Pode, por que não? Embora seja esta uma opção pouco provável, pois seria descabida num momento como este pelo qual toda sociedade passa e onde os ânimos seguem acirrados por causa dos efeitos que esta pandemia tem provocado em todas as cidades da região.
Seja lá qual tenha sido o motivo dessa indicação, houve um desgaste absolutamente desnecessário, salvo não tivesse sido esta a ideia desde o início para manter o nome do vice-prefeito de Toledo em evidência. Se foi isso, o objetivo foi alcançado com maestria. É preciso reconhecer.
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