Guerra por votos
O governador Carlos Massa Ratinho Junior deu uma entrevista muito enfática à Globonews quando deixou claro: não vai tornar o povo do Paraná cobaia de nenhuma vacina contra a Covid-19. Na visão do governador a politicagem em torno de assunto tem tirado o foco de um assunto técnico e que prefere aguardar o posicionamento do Ministério da Saúde. Na visão do governador, quem tem de fazer a avaliação – sobre o dia e quem será vacinado – é o Ministério da Saúde, “independente se gosta ou não do ministro, se gosta ou não do presidente” e disparou: “Não vou fazer do Paraná um povo cobaia”.
O recado tem endereço certo: o Palácio dos Bandeirantes, no vizinho Estado de São Paulo, onde o também governador João Dória segue travando uma queda de braço com o presidente Jair Bolsonaro em relação à vacina contra a Covid-19. Não que Ratinho Junior não tenha interesse numa solução rápida para o assunto, entretanto, age com a cautela necessária e evita fazer promessas como o colega, até porque não se tem garantia alguma sobre quando essa sonhada vacina chegará ao mercado brasileiro.
Ratinho Junior também age com cautela porque não basta a vacina ser liberada. O grande dilema é sobre a quantidade de vacinas numa primeira fase e quem será o público a ser vacinado por primeiro, até porque não haverá doses suficientes para todos num curto espaço de tempo, haja vista a demanda global e a própria estrutura dos laboratórios na hora de produzir.
O governador paranaense também age com cautela porque a verborragia entre Dória e Bolsonaro é, de forma escancarada, o primeiro round de vários que se seguirão em busca de votos na corrida presidencial de 2022. Ratinho Junior sabe que entrar nessa disputa, pelo menos agora, seria desastroso, até porque teremos um 2021 inteiro pela frente e sem muita previsão concreta sobre o que poderá ocorrer daqui por diante.
A prudência de Ratinho Junior demonstra o bom senso com o qual o governador vem tratando da pandemia e, embora haja falhas, em geral o governador tem procurado ouvir seu staff – político e técnico – a fim de evitar promessas ou devaneios que podem lhe custar caro demais.
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