O barato que…
Embora não valha para todas as ocasiões, mas o ditado que “o barato sai caro” tem se aplicado de maneira muito efetiva na vida política brasileira. A Lei de Licitações, onde em geral a administração pública precisa contratar o serviço mais barato, representou um avanço no combate à corrupção, todavia, criou outros mecanismos que há tempos colocam em xeque a verdadeira eficácia da lei. Hoje, com tantos novos mecanismos de controle, quem sabe não seria hora de alterar alguns rumos dessa legislação para tornar menos dependente de situações vexatórias administrações sérias.
Nesta segunda-feira, por exemplo, em Toledo houve novo protesto de trabalhadores de uma empresa terceirizada de limpeza pública em frente ao Núcleo Regional de Educação porque a empresa vencedora da licitação não pagou seus colaboradores, isso mesmo com o Governo do Estado estando rigorosamente em dia com o repasse de verbas para esse fim. A Prefeitura de Toledo vem sendo constantemente – e com razão – criticada pela deficiência no serviço de iluminação pública, fruto do resultado de um processo licitatório que tornou vencedora uma empresa de Minas Gerais que venceu pelo serviço mais barato.
E assim poderiam ser citados tantos outros exemplos que emperram a administração pública e a tornam ainda mais cara, pois é tempo perdido em processos demorados e cada vez mais burocráticos, sem contar o atraso na prestação de serviços ou na entrega de obras. Nos últimos anos o JORNAL DO OESTE tem acompanhado várias dessas obras que se arrastam por tanto tempo mas tanto tempo que fica quase impossível mensurar o custo disso, não apenas para o serviço público, mas para a sociedade inteira, afinal, todos de uma certa forma pagam por este atraso crônico que se repete ano após ano, gestão após gestão.
Também é preciso lembrar de produtos com má qualidade, atraso no cumprimento de prazos, entre tantos outros problemas que é de se questionar o quão barato acaba se tornando muitas vezes uma licitação. É preciso sempre combater a corrupção, o direcionamento, porém, é questionável também aceitar resultados cuja consequência todos sabem qual será.