Os ensinamentos de uma tragédia
Ano passado o Brasil reviveu o trauma deixado após o incêndio que vitimou centenas de jovens na Boate Kiss, em Santa Maria (RS). Agora, no início de 2022, foi outra tragédia, em Capitólio (MG), que vitimou dezenas de pessoas. Num primeiro momento um caso não tem nada a ver com o outro, afinal, são acontecimentos distintos, em estados distantes um do outro, mas que revelam o quando o Brasil precisa avançar em termos de regras para a exploração de determinados serviços, como é o caso do entretenimento e do turismo de aventura.
No caso da Boate Kiss, foi necessária uma tragédia gigantesca – que até hoje deixou marcas na cidade gaúcha – para o país inteiro adotar medidas de segurança mais rigorosas, capazes de evitar que cenas como aquela, de jovens sendo mortos carbonizados, se repetissem. Em Toledo vários estabelecimentos precisaram se adequar ao novo e mais rigoroso sistema de controle de incêndio e até de limitação na capacidade de público. Medidas necessárias e tardias.
No caso de Capitólio, não precisa ser um expert para saber que, cedo ou tarde, uma tragédia aconteceria. A exploração do turismo no local não segue qualquer critério, até porque não existe no Brasil uma legislação única. É a velha moda do cada um faz o que quer e como quer. Mas o que o desastre da cidade mineira no fim de semana tem a ver com o oeste paranaense? O exemplo de Foz do Iguaçu é a melhor resposta.
Nas Cataratas existem regras rígidas e é preciso obedecê-las para visitar uma das sete maravilhas da natureza. O local é explorado por uma única empresa, a qual segue parâmetros de segurança muito rígidos. Pela quantidade de turistas que recebe, o Parque do Iguaçu é um exemplo de como é possível promover o turismo de aventura com um mínimo de segurança ao turista.
Em Toledo e região há vários espaços hoje que exploram cachoeiras e outros atrativos da natureza, porém, cada uma fazendo da forma que melhor lhe convém. Passou da hora do Brasil adotar também neste setor regras únicas, capazes de evitar que cenas como cinematográficas como as do fim de semana se repitam e mais vidas sejam perdidas. A tragédia poderia ter sido bem maior, entretanto, seus ensinamentos devem ser seguidos agora e não quando algo dessa magnitude se repetir.
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