Para tudo há limite

O Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou que a Netflix e outras plataformas de streaming deixem de exibir o filme “Como se tornar o pior aluno da escola”, baseado no livro homônimo de Danilo Gentili. Em medida cautelar publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (15), foi determinada multa diária de R$ 50 mil às plataformas que não retirarem a obra de seus catálogos. Além da Netflix, foram citados na portaria YouTube, Globoplay, Amazon Prime Video e Apple TV.

O filme “Como se tornar o pior aluno da escola” se tornou alvo de críticas nas redes sociais, principalmente por parte de políticos e autoridades ligados ao bolsonarismo, após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (União Brasil-SP) compartilhar uma cena editada da obra alegando que ela promove a “apologia à pedofilia”.

O trecho em questão mostra um personagem interpretado pelo ator Fábio Porchat tentando convencer dois adolescentes a fazerem sexo com ele. No filme, uma comédia, os menores de idade fogem do homem após o convite, mas essa parte foi cortada do vídeo publicado pelo parlamentar.

A classificação indicativa do filme é 14 anos, apesar de o livro que deu origem à obra ser recomendado para maiores de idade. A indicação etária foi definida por uma comissão do próprio Ministério da Justiça, em 2017, à época do lançamento nos cinemas, sustentando que a produção tinha um “contexto cômico e caricato”.

Cômico e caricato até pode ser, porém, para tudo há limite, até mesmo ao bom senso. Há limite também para a inércia da administração pública no Brasil que precisou de quase 5 anos para verificar a cena em questão.

Há limite também para a libertinagem generalizada que se espalhou pelo Brasil, como fosse tudo agora normal e permitido. Nem tudo é normal e nem tudo pode ser permitido quando se trata de sociedade, ainda mais quando envolve menores.

Há limite para a inércia de alguns setores e organizações de proteção ao menor que gritam quando se querem retirar ‘direitos adquiridos’, mas silenciam diante de cenas, no mínimo, para se refletir como está sendo educada a próxima geração.

Para tudo há limite e no Brasil de uns tempos para cá esse limite está ficando cada vez menor, mais raro e com menos bom senso. De todos os lados!

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