Piso sem dinheiro
A aprovação do novo piso salarial dos profissionais de saúde, no caso enfermeiros e técnicos de enfermagem, provocou preocupação no setor. Não pelo merecimento, mas sim para se saber de onde tirar dinheiro para a manutenção das unidades hospitalares públicas, pois o novo valor do salário deverá ser pago quase que imediatamente. Ah, claro, para a iniciativa privada, pois nas administrações públicas a implantação do novo piso salarial será escalonada. Como sempre…
Piso sem dinheiro é mais ou menos como construção sem alicerce: arrebenta tudo! E é mais ou menos essa comparação pode ser feita na aprovação dentro do Congresso Nacional, cada dia mais fora da realidade do que acontece fora das paredes blindadas de uma classe alheia à realidade dura do cotidiano de quem faz contas e mais contas para conseguir fechar a conta.
Os hospitais públicos no Brasil vêm sofrendo não é de hoje. A adoção do piso é apenas um problema a mais para ser resolvido e deixará ainda mais à mercê do ‘pires na mão’ dos políticos administradores em todos os cantos do país. Alguns, inclusive, falam em fechamento parcial ou até completo das atividades caso não haja um caminho para a liberação de verbas para o pagamento dos novos valores a profissionais que merecem – e muito – o reconhecimento no holerite daquilo que fazem diariamente. Não se discute o mérito, mas sim a origem dos recursos.
O que nenhum parlamentar tem tido a coragem de abordar é pressionar o Governo Federal para o reajuste da tabela paga através do Sistema Único de Saúde pelos procedimentos realizados. No caso do Paraná, por exemplo, o Governo do Estado tem mantido suas obrigações em dia, já o Governo Federal não cumpre o minimamente previsto pela Constituição quando se trata da saúde pública, cuja gestão é tripartite. Importante frisar.
O reajuste da tabela SUS seria suficiente não apenas para bancar o aumento de enfermeiros e técnicos, mas também para reduzir o déficit mensal que a esmagadora maioria das instituições hospitalares têm mensalmente, que só não é maior pela ‘benevolência’ de emendas parlamentares usadas como moeda de troca.