Quando o desespero toma conta

“Lixo. Muito lixo. Um local propício para a propagação de doenças em que os envolvidos normalizaram a presença de ratos e baratas. Esse foi o ambiente encontrado pela equipe em que uma criança de 04 (quatro anos), vivia. A descoberta ocorreu após ligações de vizinhos direcionadas à Central darem conta de que uma criança estaria sendo agredida fisicamente pela mãe. Quando a criança, sozinha e sem camiseta, deslocou em direção à guarnição, foi possível verificar seus ossos em evidência, a demonstrar um quadro severo de desnutrição. Questionada se, durante o dia, havia se alimentado, disse que até o momento, havia comido apenas um pedaço de pão que havia encontrado no lixo. De igual forma, vizinhos relataram que a criança vive em constante abandono e frequentemente é vista sozinha vagando pelas ruas sem a presença de qualquer responsável”.

Estre trecho é do Boletim de Ocorrências do 19º Batalhão da Polícia Militar sobre a menina encontrada sobrevivendo daquilo que encontrava no lixo. Literalmente! Na capital do agronegócio, sim, há pessoas passando muita necessidade. Numa das 10 principais cidades no ranking econômico há quem sequer tenha banheiro em casa e sobreviva daquilo que outros jogam foram porque têm em abundância. Num município que muito tem de se orgulhar de sua estrutura há inúmeros problemas sociais.

Esta menina é mais uma prova de que Toledo não é a ilha que muitos pensam existir. Num país como o Brasil seria utópico demais acreditar. Toledo é uma cidade privilegiada, sem sobra de dúvida, entretanto uma caminhada mais atenta poderia auxiliar a identificar problemas como este. Talvez alguns não tão graves, mas igualmente preocupantes diante do futuro de crianças e adolescentes atiradas à própria sorte.

Drogas, crimes, violência, maus tratos…mortes. Quantas são as notícias diárias relatadas pelos veículos de comunicação mostrando ser Toledo uma cidade como qualquer outra brasileira: com suas virtudes e defeitos, com suas soluções e problemas.

Não se pode também cometer a covardia de colocar nas costas do poder público esse absurdo. Com falhas, ou não, verdade é que existe uma rede protetora muito bem construída, capaz de atender não apenas a criança, mas toda a família, desde que haja o desejo neste sentido.

Quando o desespero toma conta o ser humano, infelizmente, ainda é capaz de surpresas negativas. Essa foi mais uma.

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