Retrocesso

A aprovação em segundo turno, dentro da Câmara Federal da proposta para retomada das coligações partidárias nas eleições brasileiras. O projeto, embora ainda precise ser aprovado no Senado, onde parece haver sérias restrições, demonstra bem a distância, o abismo entre a realidade das ruas e o mundo paralelo no qual parecem viver os nobres ocupantes do Congresso Nacional que, a exemplo dos togados do Supremo Tribunal Federal e de tantos outros tribunais com os ares refrigerados, empurram ao cidadão comum as mais distintas bizarrices, todas beneficiando sempre os mesmos.

E a conta é pesadíssima!

Não apenas na questão econômica que envolve, por exemplo, a retomada de dezenas de legendas de aluguel, mantidas com o dinheiro público em sua essência. Há forte prejuízo social, democrático e de construção de uma sociedade mais consciente sobre seu verdadeiro papel neste árduo processo e contínuo que deveria passar pelo fim das coligações e, dessa forma, se estabelecerem ideologias mais claras para que o eleitorado pudesse, enfim, compreender quem defende o que.

Mas no Brasil do Congresso é melhor que se mantenha a zona perpétua. Uma hora vale uma regra, daqui a pouco não vale mais, depois volta a valer…E assim segue o baile, cada hora a banda tocando uma marchinha distinta, mas capaz de sacudir o povo inteiro, mesmo que cada um num passo. E se a bagunça é grande no Legislativo, no Executivo e no Judiciário não é diferente.

Uma eventual volta das coligações é um retrocesso sem tamanho numa política retrógrada, atrasada, velhaca como é a brasileira. Uma decisão que parece ser ensaiada para afastar ainda mais as pessoas conscientes do processo eleitoral, afinal, quem tem um mínimo de bom senso não tem estômago para engolir tanta falsidade e tantos desmandos com a coisa pública, como fosse a nação um feudo apenas a ser trocado em escambos cada dia mais caros e desonestos.

O Senado até pode adiar essa decisão, mas a maioria dos deputados federais demonstrou, mais uma vez, não estarem nem aí para o que pensam os brasileiros comuns que precisam trabalhar quase seis meses apenas para pagar impostos e os outros seis para sobreviver como for possível.

Da

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