Trocas na base da pressão

Os novos ministros nomeados pelo presidente Jair Bolsonaro: Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil), Carlos Alberto Franco França (Relações Exteriores), Walter Braga Netto (Defesa), Anderson Torres (Justiça), André Mendonça (AGU) e Flávia Arruda (Secretaria de Governo) são fruto do maior momento de instabilidade desde que o presidente assumiu o poder. As saídas do ex-juiz federal Sérgio Moro (Justiça) e depois de Luiz Henrique Mandetta (Saúde) foram turbulentas, mas ainda assim feitas numa época onde ainda a popularidade do ‘Mito’ estava em alta e as cartas eleitorais pendiam a seu favor.

Mas aí veio uma nova rodada e o crupiê do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin distribuiu as cartas e o jogo virou. Se antes Bolsonaro vislumbrava uma vitória quase certa, agora a nebulosidade aumentou, graças ao blefes de alguns antigos aliados e também porque um experiente jogador voltou à cena. Há que se ressaltar ainda o aumento da gravidade da pandemia do novo coronavírus que jogou por terra boa parte da antiga popularidade, fruto de uma política tresloucada na área desde o início em função do desrespeito – e despreparo – do próprio presidente ao não seguir as orientações de seu corpo técnico.

O não pagamento do auxílio emergencial também pesou para uma mudança no comportamento do presidente. Não radical, até porque Jair Bolsonaro nunca escondeu de ninguém seu pensamento. O que mudou foi a forma de fazer essa ideia se materializar e a pressão sobre seu corpo militar não agradou parte da cúpula verde-oliva, que pediu o quepe e saiu de forma.

As trocas de agora são, talvez, a última tentativa de retomar as rédeas do que ainda resta de seu governo, completamente desfigurado por ceder às pressões do ‘Centrão’, a nova tábua de salvação de um governo que tem boas intenções, acerta em muitos setores, entretanto, apresenta erros grosseiros até em questões cruciais para qualquer administração, principalmente na saúde, onde decisões equivocadas atrasaram demais o início da vacinação e permitiu que os governadores e prefeitos tomassem decisões muito distintas entre si, provocando uma verdadeira guerra de bastidores e de poder. As trocas estão sendo feitas na base da pressão e o resultado disso só poderá ser melhor avaliado em 2022, quando uma nova aposta será feita para ver quem melhor se dá no all in deste jogo.

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