Um conto de fadas…
A medalha de prata da skatista Rayssa Leal comoveu o Brasil. Ela, na madrugada de ontem (26), entrou para a história como a mais jovem medalhista da história olímpica e a primeira medalhista mulher da modalidade – que debuta nos Jogos Olímpicos. Tudo isso já seria suficiente para idolatrá-la, embora no esporte de onde vem, a Fadinha – como é conhecida a pequena notável Rayssa – manda e desmanda do alto de sua gigante baixa estatura. Mas é a história de superação de Rayssa que deveria motivar mais os brasileiros, afinal, desde que saiu do Maranhão para o mundo, a vida de Rayssa transformou a história do esporte.
Aos 7 ela foi vestida de Fada para um desfile e começou a andar de skate. Não parou mais! O apelido pegou e por onde ela passa contagia a todos pelo seu jeito descontraído de ser. É a brasileirice em pessoa, afinal, alegria e superação não faltam para a mais nova pequena notável.
Uma pena que este conto de fadas não se repita com tanta facilidade na história olímpica brasileira, afinal, se o país tanto se orgulha de algumas conquistas nos jogos – e tem mesmo que se orgulhar – ainda assim é muito mais pelas conquistas coletivas que individuais. Que o diga o vôlei, dono das quatro últimas medalhas de ouro na história dos jogos somando homens e mulheres, tanto na quadra quanto na areia.
Mas ainda está o Brasil léguas de distância para chegar ao grupo dos países fortes. Séculos luz das verdadeiras potências mundiais quanto se fala em esporte. Não falta vontade, não falta talento, tampouco material humano, muito menos dinheiro. Falta é organização e gestões sérias a ponto de transformar o conto de fadas brasileiro. A medalha de Rayssa é fruto de investimentos sérios realizados na modalidade onde o Brasil é verdadeiramente uma potência, assim como no surfe, onde também há grandes chances de medalhas.
Vencer ou perder é inerente ao esporte, em especial nas Olimpíadas o nível de competitividade é bem maior e onde o grau de exigência não permite aventuras. Mas surfe e skate podem sim servir de exemplo para uma mudança de cultura que pode começar no esporte e contagiar a nação como um todo. As duas modalidades contam com gerações talentosas, formadas graças a ídolos que abriram caminho e ensinaram o que era preciso fazer para melhorar. Vieram os patrocinadores, escolinhas país afora e intercâmbio com os melhores do mundo e não jogos midiáticos ou competições apenas para inflar os egos. Hoje o Brasil é respeitado e temido. Pena que, por enquanto, apenas neste conto de fadas que Rayssa ajudou a construir.
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