A vida é um sopro…
Há seis anos escrevo semanal e ininterruptamente uma coluna aqui no JO. Na primeira falei sobre idade e maturidade. Feliz daqueles que conseguem alcançar a idade com maturidade, uma vez que um não é sinônimo do outro. Idade avançada não é escolha, ela pode chegar ou não. Maturidade é eleição, posso apresentar ou não. Oxalá consiga avançar na idade fazendo eleições maduras, porque a vida é um sopro. Isso ficou claro para mim em setembro/21 em que dois amigos na casa dos cinquenta anos partiram. De um lado, a intensidade. De outro, a calidez. Ambos os amigos com pouca idade e, a sua maneira, maturidade.
O primeiro dos meus amigos foi como um vento forte que espalha as boas notícias pela intensidade com que viveu. Era sinônimo de alegria e de bom humor pela facilidade com que se desenrolava de situações difíceis e pela presença que contagiava positivamente as pessoas. Era sinônimo de companheirismo pelas ações que contribuíam para a comunidade que participava, assim como foi leal com aqueles que conviveu. O segundo dos meus amigos que partiu era a expressão da calidez da brisa constante que faz com que a vida seja mais agradável. O cuidado com o outro sempre esteve presente nas ações e intenções, assim como o companheirismo, igualmente, era uma marca sua. Da mesma forma, a lealdade de suas atitudes foi exemplar em cada momento vivido e compartilhado com as pessoas de seus relacionamentos. O respeito para com a família, os amigos e a comunidade se revelavam na sua presença colaborativa. Ambos eram sinônimos de amizade. Para aqueles que tiveram o privilégio de conviver com a força vigorosa da presença de um e com a força da calidez da presença do outro sabem o que significa a palavra AMIGO. Meus amigos viveram a plenitude da beleza do seu significado. E mais. Eles tinham a clareza daqueles que atingem a maturidade que se revelava na sabedoria de sua conduta. Eles não precisaram da idade. Os meus amigos haviam entendido que a presença autêntica os conectava com os outros por meio das ações de suas intenções de fazer com que tudo ficasse bem.
A vida é um sopro e, como dizem os monges Cartuxos, “a morte já a temos, isso sabemos”. O ininterrupto um dia se interrompe, assim o desafio é viver com a realidade da finitude da vida no plano que conhecemos. A nossa própria finitude? Nada a fazer. A finitude da vida daqueles que amamos? Nada a fazer, mas a dor e o luto são reais. Conforta o fato de saber que o mundo era melhor com a presença dos meus amigos, deixando-nos a responsabilidade de fazê-lo melhor com a nossa presença, uma vez que ele não vai parar pela ausência de ninguém. Por isso a pergunta: o mundo é melhor com a minha presença? Preciso melhorar muito! Vocês, meus caros amigos, cumpriram a sua parte e agora vão exibir a alegria e o cuidado; o bom humor e o companheirismo; a lealdade e o respeito com a força da intensidade de um vento forte e com a força da calidez de uma brisa agradável da amizade em outras paragens. Algum lugar estará melhor com a presença de vocês.
Qual lugar está melhor com a sua presença?
Moacir Rauber
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In memoriam:
Beto Engel
Silério Schmidt
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