Essa vaga deveria ser minha!!! Inveja ou inspiração?
Estavam os dois amigos esperando o resultado da entrevista para a mesma vaga de trabalho. Haviam estudado juntos no ensino fundamental. Reprovaram no mesmo ano do ensino médio, porque optaram por cair na gandaia. E, por fim, fizeram a mesma faculdade que concluíram juntos. Uma amizade a toda prova que teve uma festa de formatura merecida. Agora era a hora de cada um buscar o seu espaço no mercado de trabalho. Os sonhos de trabalhar em determinadas empresas eram comuns. Por isso, no momento que foi aberta aquela vaga ambos se candidataram. O processo fora bastante competitivo, porém havia somente uma vaga. A quem caberia a oportunidade de realizar o sonho? A porta se abre e a resposta do processo seletivo é dada. O escolhido vibra. O preterido murcha. O que fazer? O amigo que não obteve a vaga reúne as suas forças, aproxima-se do outro, abraça-o e diz:
– Parabéns!!! Tudo de bom pra você!!!
O sorriso no rosto, entretanto, ocultava outra emoção. Ele não estava feliz. Sentia raiva, tristeza e inveja, porque acreditava que aquela vaga deveria ser sua. Ele lutou, estudou e fez o que estava ao seu alcance para conquistar o trabalho na empresa dos seus sonhos. Para ele, agora, os sonhos se desmoronavam. Ele tinha consciência de que deveria ficar feliz pelo seu amigo, porém, naquele momento não dava. Ele não conseguia parar de sentir inveja. Inclusive, desejava que o seu amigo não se saísse bem no trabalho. Sentia-se mal pelos seus pensamentos e se perguntava: “será que sou uma pessoa tão horrível assim?”. Particularmente entendo que não, esse jovem não é tão horrível assim. Ele é normal. Nunca sentir inveja é que não seria humano. Contudo, a diferença está com o que ele vai fazer com essa emoção surgida frente a um fato. Caso ele continue nutrindo a inveja inicial, ela se transformará em sentimento que poderá despertar novas emoções negativas. Por isso, a importância de tomar consciência daquilo que desencadeou a emoção para poder assimilar, entender e modificar o sentimento que dela será gerado para que surjam novas e boas emoções. Aquele que continuar nutrindo a inveja vai convertê-la em sentimento que o transformará num invejoso, tornando-o numa pessoa “horrível”. O que fazer? Muitas vezes se acredita que se algo não é bom o seu contrário deveria ser. No entanto, a vida não é tão linear. O antônimo de inveja é o desinteresse, uma percepção tampouco apropriada para o convívio e para as boas relações. Por isso, a busca do equilíbrio entre inveja e desinteresse é o caminho que nos leva à inspiração. Por fim, se a inveja é desejar possuir aquilo que o outro possui, o desafio é observar, reconhecer, assimilar e transformar essa emoção inicial em admiração e que sirva de inspiração para trilhar o próprio caminho. Desse modo, pode-se falar em desenvolvimento humano.
A quem nunca lhe pareceu que a grama do vizinho era mais verde? Quem nunca sentiu uma dorzinha de cotovelo porque o outro é um sortudo? Isso, é normal. Por isso, não se trata de negar a nossa dualidade humana entre boas e não tão boas emoções. Trata-se de encontrar alternativas para observar fatos sem julgar as pessoas; de sentir sem se culpar para transformar; de entender para afetar com afeto ao fazer as escolhas que o tornem melhor. Esse caminho vai permitir que cada um encontre a sua vaga. Aquela vaga era do amigo!
Moacir Rauber
Blog: www.facetas.com.br
E-mail: mjrauber@gmail.com
Home: www.olhemaisumavez.com.br
Comentários estão fechados.