Não arruma o quarto…
A presença nas redes sociais é ativa e dedicada, com postagens sobre a importância da reciclagem do lixo, curtidas em matérias e a publicação de vídeos de divulgação da causa. É preciso construir um mundo melhor. Eu tenho que fazer a minha parte… pensava o adolescente de dezoito anos (adulto???) que sonhava ser prefeito da cidade. O horário passava e a madrugada chegava. Na manhã seguinte a mãe se levanta, prepara o café e nada do filho sair do quarto. Ela bate na porta para acordá-lo. Ele sai todo desarrumado, com cara de sono e reclama com a mãe. Come algo rápido, deixa as louças e o lixo na mesa e vai para a escola. A mãe precisa sair para o trabalho, mas antes lava a louça e separa o lixo. Abre a porta do quarto do filho e se depara com roupas pelo chão, latas de bebidas e restos de comida na cama. A mãe se revolta, mas não tem forças para confrontar a situação. Entretanto, pensa, “Como quer fazer manifestação, ser prefeito se não arruma nem o próprio quarto?”. O pensamento da mãe revela uma triste realidade: muitas vezes, somos comandados por pessoas que não arrumam o próprio quarto.
Entendo que cada pessoa é a menor unidade de qualquer sistema social, seja ele familiar ou organizacional. Cada ser humano é um sistema completo, complexo e interdependente com outras pessoas em diferentes sistemas sociais. Entenda-se sistema completo como integral e pleno; sistema complexo como múltiplo e profundo; e sistema interdependente como solidário e dependente. Perceber e viver esse conceito é que faz com que cada um possa ser responsável pela sua própria área de influência. Pessoas que não arrumam seu próprio quarto não tem visão sistêmica e vivem mais fortemente a dependência, sem serem solidários; perdem a complexidade na falta de profundidade que diminui a multiplicidade; e deixam de ser completos porque não são plenos nem integrais. Entretanto, ao olhar para nossos líderes se pode constatar que muitos deles nunca arrumaram os seus próprios quartos. São eles vereadores, prefeitos, deputados, governadores, senadores, juízes, diretores e até presidentes que se propõem a arrumar uma cidade, um estado, uma empresa ou um país. Muitas vezes, são essas pessoas que galgam mais rapidamente a hierarquia organizacional sem terem desenvolvido uma visão sistêmica. Como essas pessoas poderão administrar, legislar e julgar para todos sem entender a ideia de interdependência entre todos? No setor público é mais difícil expurgar essas pessoas, porque se fundem e se agarram na dependência como parasitas. Infelizmente, em grande parte, é assim. Nas organizações privadas cabe aos profissionais internalizarem a visão sistêmica, porque sem ela eles serão eliminados do mercado. Um bom profissional, além de entender o sentido daquilo que faz permanecerá no mercado enquanto aquilo que faz for importante para quem o faz.
Com relação ao adolescente de 18 anos (???) do diálogo inicial, a torcida é para que ele possa entender e viver o conceito de ser um sistema completo, complexo e interdependente e comece a arrumar o seu quarto. Caso não internalize esse conceito, que ele não se eleja para nenhuma função e que não seja admitido em nenhum concurso público. Com isso, ele terá que ir para o setor privado onde vai aprender a importância de um sistema completo, complexo e interdependente sob pena de ser excluído. Para ser um bom líder, um bom profissional e uma boa pessoa é essencial ter uma visão sistêmica. Para aquele que não aprender o conceito, que Alguém ajude a sua mãe.
Moacir Rauber
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