Mauro Picini Sociedade + Saúde 09/03/2022

Câncer no olho do bebê pode
passar despercebido

O retinoblastoma ou câncer no olho pode ficar encoberto e não ser detectado no primeiro “teste do olhinho”. Entenda

Câncer no olho do bebê pode passar despercebido

Se você está se perguntado por que o retinoblastoma ou câncer no olho da filha dos jornalistas Leifer e Daiana não foi diagnosticado logo no início, saiba que esta é uma doença traiçoeira. No Brasil a situação é grave. Dados do Ministério da Saúde mostram que só 50% das crianças passam pelo “teste do olhinho” indicado para detectar as doenças que mais causam a perda da visão na infância: câncer, catarata e o glaucoma congênito. A falta de acesso ao exame por todos os recém-nascidos é um dos fatores que explica a maior incidência de retinoblastoma nos países menos desenvolvidos apontada por um estudo global, recentemente publicado na revista científica, The Lancet.
Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier, no Brasil logo após o nascimento as maternidades realizam o “teste do olhinho” nos recém-nascidos com um oftalmoscópio, equipamento que emite uma fonte de luz no olho do bebê. Quando a pupila responde com um reflexo vermelho contínuo indica saúde. Se o reflexo for descontínuo ou esbranquiçado sinaliza doença.
O especialista ressalta que a maioria dos pais só leva a criança ao oftalmologista quando atinge a idade escolar. O problema é que o retinoblastoma, catarata e o glaucoma congênitos podem ficar adormecidos no olho e se desenvolver nos primeiros anos de vida quando não são descobertos no nascimento do bebê. Por isso, a recomendação do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) do qual o especialista faz parte é de que o “teste do olhinho” seja repetido três vezes ao anos até a idade de três anos. Neste período, ressalta, deve passar pelo primeiro exame oftalmológico completo quando atinge 1 ano de idade ou se surgir alguma alteração no “teste do olhinho”.
Queiroz Neto afirma que poucas crianças seguem este protocolo. “Já operei um menino com catarata congênita, doença responsável por 40% da perda de visão na primeira infância, que tinha passado pelo “teste do olhinho” na maternidade, mas ficou anos sem um único exame nos olhos. Isso é mais frequente do se possa imaginar. Pode acontecer também com o retinoblastoma que nem sempre surge logo após o nascimento. A maioria dos diagnósticos de câncer no olho ocorre até 18 meses, salienta. A doença resulta de uma alteração genética nas células da retina que se reproduzem descontroladamente, mas só 10% têm um caso na família. Repetir a cada três meses o “teste do olhinho” até a idade de 3 anos, e submeter a criança com 1 ano a uma consulta oftalmológica completa faz a chance de cura chegar a 90% e preserva a vida da maioria das crianças”, ressalta. O diagnóstico tardio pode cegar e até levar à morte por uma metástase do câncer no cérebro. Por isso se você tem uma criança com menos de 5 anos em casa deve seguir estes protocolos.

Sintomas – Queiroz Neto afirma que o principal sintoma do retinoblastoma é a leucocoria também conhecida como olho de gato, um reflexo branco na pupila. A alteração é percebida sob luz artificial e em fotos tiradas com flash. Nas duas situações os olhos saudáveis emitem um reflexo vermelho como acontece no teste do olhinho. Outros sintomas do retinoblastoma são: estrabismo (olho torto), glaucoma, vermelhidão e baixa visão.

Tratamentos – O oftalmologista afirma que o tratamento geralmente requer uma equipe multidisciplinar e pode ser feito por diferentes técnicas. Uma delas é a terapia focal via destruição térmica, congelamento, laser e ou braquiterapia. Outra é com quimioterapia sistêmica, intravítrea ou intra-arterial e nos casos muito avançados por enucleação, cirurgia que retira o globo ocular para preservar a vida do bebê. Hoje, uma das técnicas mais utilizada é a quimioterapia intra-arterial. Consiste em injetar na artéria da retina o medicamento, diminuindo desta forma os efeitos colaterais sistêmicos que podem ter reflexos na saúde por toda vida. Em 70% dos casos salva a vida e a visão, conclui.

Contagem de passos: qual o número
ideal para manter a saúde?

Embora equipamentos sejam úteis, é preciso fazer acompanhamento profissional para garantir segurança e qualidade de vida

Um, dois, três, dez mil. Na telinha do relógio ou do celular, a contagem progressiva vai mostrando quantos passos você deu para ir ao mercado, à padaria ou na caminhada no fim do dia. É uma forma de controlar sua atividade física, claro, mas, afinal, quantos passos é preciso dar por dia para se manter saudável?
Os smartwatches viraram febre no Brasil ao longo dos últimos anos. De acordo com levantamento feito pela Counterpoint Research, só em 2021, esse mercado cresceu 35%. Desenvolvidos pelas grandes empresas de tecnologia do mundo, como Apple, Samsung e Huawei, os aparelhos se tornam cada vez mais tecnológicos e precisos – e começam a fazer parte da rotina de cuidados com a saúde.
Para o doutor em Ciências da Saúde e coordenador do curso de Educação Física da Universidade Positivo, Zair Cândido de Oliveira Netto, essa é uma forma prática de monitorar o nível de atividade física diária e, até mesmo, de respeitar os próprios limites, desde que haja um acompanhamento feito por profissionais. “É importante consultar um cardiologista, principalmente se a pessoa é sedentária, está acima do peso ou tem uma dieta desregulada, com muito carboidrato, muita gordura ou consumo excessivo de álcool”, explica.
O cardiologista pode, junto do paciente, calcular os limites apropriados de atividade física para cada caso – e o smartwatch ajuda a se manter dentro desses limites. “Do contrário, quando você acelera os batimentos cardíacos e aumenta a pressão arterial – o que acontece durante os exercícios – há o risco de deslocar placas de gordura de alguma artéria ou entupir um capilar do sistema nervoso central, por exemplo, e acarretar um problema sério de saúde”, alerta. Com esses equipamentos, é possível monitorar o nível de atividade que se quer atingir, e até programar alertas para quando esse nível for ultrapassado.

Um passo de cada vez – Qualquer atividade física é melhor que nenhuma atividade física. No entanto, quando se trata de melhorar o condicionamento e fortalecer o sistema cardiovascular, o ritmo conta muito. Segundo Zair Netto, o ideal é cumprir entre sete e dez mil passos por dia. Isso equivale a aproximadamente nove quilômetros percorridos. “Se eu der quatro mil passos, estarei caminhando três quilômetros, o que é pouco para os sistemas cardiovascular e muscular”, afirma.
Também é importante saber de que forma esses passos estão sendo dados. “Se as passadas são aleatórias, por exemplo, para ir à padaria ou ao trabalho, é provável que não estejam servindo para fortalecer o organismo.” A melhor opção é destinar um tempo diário a fazer uma caminhada em bom ritmo ou uma corrida. “Dessa forma, há um ganho melhor porque mantém-se a frequência cardíaca mais elevada, um ritmo muscular mais adequado. Isso agrega mais valores fisiológicos à atividade física”, detalha.
Não há um ideal universal. Segundo o especialista, cada organismo tem suas próprias necessidades e limitações, que precisam ser respeitadas. Segundo ele, para um exercício físico ser proveitoso, muitos fatores devem ser levados em conta. Intensidade, idade do praticante, nível de condicionamento físico, roupas e calçados escolhidos, temperatura do ambiente, umidade do ar e alimentação prévia são apenas alguns deles.
“De forma genérica, eu aconselharia entre 40 e 50 minutos de caminhada por dia, de cinco a seis vezes por semana. Assim, somaremos ao menos 5 quilômetros de caminhada, ou quase seis mil passos. Somada à rotina, teríamos cerca de sete ou oito mil passos diários, o que é um bom número”, pontua o especialista. Ele considera que algo em torno de 200 minutos de atividade física por semana já é um nível adequado para reduzir os riscos cardiovasculares, que atingem principalmente os mais sedentários.
Por fim, os aparelhos de contagem de passos ajudam a manter um histórico importante de saúde porque fornecem informações sobre movimentação, gasto calórico, batimentos cardíacos, pressão arterial, entre outras. “Se houver acompanhamento com educador físico e nutricionista, é possível montar uma rotina muito saudável para o usuário”, finaliza.

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