Mauro Picini Sociedade + Saúde 16/03/2022

Óculos de realidade virtual tornam-se aliados na reabilitação de pacientes em hospital SUS

Tecnologia permite que internados se sintam fora do ambiente hospitalar por alguns momentos

Lucas Erichsen sentia-se triste. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), onde se viu novamente isolado e distante de sua rotina. O primeiro internamento havia sido em 2017, após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). Três anos depois, um aneurisma e uma pneumonia o fizeram retornar ao hospital para receber cuidados médicos. Mais uma vez, todos os seus planos foram suspensos e ele deu início ao período mais difícil: a luta pela vida.
Mas o sorriso de Lucas, de 22 anos, voltou a estar estampado no rosto após ser convidado a mergulhar em um novo universo. “Ali tudo era possível, desde andar de carro até pilotar um helicóptero”, conta. A experiência vivida pelo jovem não foi magia nem alucinação. Foi, sim, parte do tratamento do fisioterapeuta Rafael Cavalli, que faz uso de óculos de realidade virtual (RV) no atendimento a pacientes do hospital 100% Sistema Único de Saúde (SUS) de Curitiba. “A ferramenta ajuda a tornar as sessões de reabilitação mais divertidas e eficazes, auxiliando pacientes com limitações motoras na recuperação”, explica o fisioterapeuta.
De uns tempos para cá, a realidade virtual vem ganhando espaço no cotidiano. São computadores, videogames, óculos especiais e outros dispositivos que têm como principal proposta fazer com que o indivíduo se sinta imerso em uma espécie de existência fictícia. Não é de estranhar que essas ferramentas invadam os corredores de hospitais, consultórios e laboratórios. “Os óculos de RV podem ser usados para ajudar na locomoção de pacientes com mal de Parkinson, na fisioterapia de quem sofreu derrame cerebral e para amenizar os sintomas da depressão, por exemplo”, detalha Rafael Cavalli.

O que as pesquisas dizem – Inicialmente desenvolvida para o entretenimento, a realidade virtual tem sido testada no tratamento de diversos problemas de saúde, como o estresse pós-traumático. A primeira utilização da tecnologia para esse fim foi em 1997, quando pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Georgia, nos Estados Unidos, realizaram um estudo com 10 veteranos de guerra traumatizados e que não haviam conseguido melhora pelas terapias convencionais. O programa, chamado Vietnã Virtual, expunha os ex-soldados a situações realistas que eles haviam vivenciado décadas antes na guerra.
Em um espaço seguro, controlado e com o acompanhamento de um profissional ao lado, a RV os levava de volta às selvas vietnamitas. Enquanto o terapeuta manipulava o software e intensificava os sons de batalha, os pacientes eram convidados a narrar seus traumas. O tratamento durou um mês e, no fim desse período, os 10 voluntários demonstraram melhora no quadro. A partir daí, foram iniciados mais testes, com número maior de participantes, tratados nos mais diversos cenários que simulavam situações distintas.
Logo, a realidade virtual se mostrou ser mais do que apenas uma ferramenta descolada para transportar o usuário para outros cenários. De acordo com pesquisa feita pelo hospital americano Cedar-Sinai, publicada no periódico JMIR Mental Health, a tecnologia também contribui para diminuir dores de pacientes. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores contaram com a ajuda de 100 pacientes diagnosticados com dor nível 3, em uma escala de 0 a 10. Metade deles usou óculos de realidade virtual e os outros 50 pacientes assistiram à televisão, ambos com cenas relaxantes. Os resultados mostraram que aqueles que usaram os óculos tiveram uma queda média de 24% na escala de dor, já para quem assistiu na tela 3D a dor diminuiu apenas 13%.
Além da dor, a RV vem sendo minuciosamente estudada como um moderno instrumento de apoio à prática fisioterapêutica, podendo ser aplicada de múltiplas formas. Recentemente, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) concluíram que o uso da realidade virtual provoca níveis leves e moderados de atividade física em pacientes da UTI. Durante as 100 sessões de fisioterapia monitoradas na pesquisa, os pacientes internados nas unidades do Departamento de Emergência do Instituto Central do Hospital das Clínicas atingiram grau leve de atividade em 59% da duração das sessões, e 38% de nível moderado de atividade.
Tecnologia que humaniza – “Não estou atendendo bem um paciente pelo que ele tem, mas pelo que ele é”. A frase do fisioterapeuta Rafael Cavalli explica a importância de iniciativas inovadoras dentro do SUS. No Hospital Universitário Cajuru, o tratamento com óculos de realidade virtual permite ouvir, oferecer conforto e compreender as opiniões dos pacientes. Longe de perder o protagonismo no processo de reabilitação, os profissionais de saúde passam a atuar como supervisores de todo processo. “Se fosse eu internado lá, será que eu ia gostar de receber apenas um tratamento padrão? A realidade virtual vem nesse sentido, de personalizar e humanizar o atendimento”, relata o fisioterapeuta.
O objetivo do tratamento de reabilitação é estimular os movimentos musculares de modo que o paciente crie uma memória motora. É nesse contexto, então, que entra a realidade virtual. Uma ferramenta inovadora na fisioterapia e que tem sido utilizada na avaliação e reabilitação de pessoas com distúrbios do movimento, do equilíbrio postural e da marcha. “Imagine um paciente que perdeu movimentos de determinadas partes do corpo e precisa se submeter à fisioterapia. E se esses exercícios pudessem ser facilitados com o uso de cenários de realidade virtual?”, questiona o fisioterapeuta.
É por essa razão que a realidade virtual já está sendo utilizada como parte do tratamento para alguns pacientes em reabilitação, como o Lucas Erichsen, sendo uma maneira mais lúdica de aplicar as atividades. “O Lucas é um paciente jovem que estava há três meses internado no hospital. Após uma conversa, descobri que ele gostava de corrida, música eletrônica e aviação. A partir disso montei um vídeo que se encaixasse naquilo e o resultado foi surpreendente”, complementa Rafael.
A humanização no tratamento devolve esperança para pacientes e permite que eles voltem a sonhar. Com um acompanhamento mais próximo e especializado, é possível reduzir o sofrimento e proporcionar um tratamento mais digno. “Foi bom receber esse carinho durante a internação no hospital. O tratamento me ajudou a evoluir e sair da depressão”, revela Lucas.

Março Azul-Marinho

Entenda a campanha relacionada ao Câncer Colorretal

A campanha Março Azul-Marinho tem como objetivo conscientizar sobre a prevenção e o combate ao câncer colorretal. Esse tipo de câncer acomete o intestino grosso, principalmente nas regiões chamadas de cólon, reto e ânus.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer colorretal é um dos três tipos de cânceres que mais atingem os brasileiros. Em 2020, 40.990 pessoas receberam o diagnóstico da doença, sendo 20.520 homens e 20.470 mulheres, e foram aproximadamente 20 mil óbitos em decorrência desse câncer.
O câncer colorretal é mais comum a partir dos 50 anos de idade. A obesidade, um estilo de vida sem exercícios e má alimentação (pobre em frutas, vegetais e outros alimentos que contenham fibras) podem aumentar o risco de desenvolver esse câncer.
Entre os principais sintomas da doença estão sangue nas fezes, alteração do hábito intestinal (diarreia e prisão de ventre alternados), dor ou desconforto abdominal, fraqueza e anemia, perda de peso sem causa aparente, alteração na forma das fezes e massa (tumoração) abdominal. Porém, nos estágios iniciais, quando há maior chance de cura, é comum que não haja sintomas.
O diagnóstico pode ser feito por biópsia (exame de pequeno pedaço de tecido retirado da lesão suspeita). A retirada da amostra é feita por meio de aparelho introduzido pelo reto (endoscópio).
O câncer de intestino é uma doença tratável e curável. Melhor ainda é a detecção precoce do câncer, ou seja, quando o tumor é descoberto em sua fase inicial, possibilitando maior chance de um tratamento bem sucedido.
É possível também descobrir se há predisposição genética de desenvolver câncer colorretal com os testes de mapeamento genético. A melhor opção de teste é o meuDNA Saúde: com apenas uma amostra de saliva, é possível ter seu DNA sequenciado pela tecnologia Exoma, que lê os genes por completo e identifica mutações que podem aumentar o risco de desenvolvimento de doenças.
No laboratório especializado em Sequenciamento de Nova Geração (NGS), o DNA é analisado e, por meio de inteligência artificial e bioinformática, as informações são comparadas a tudo que já existe nos bancos de dados genéticos, para identificar as variações genéticas que podem aumentar o risco de desenvolvimento do câncer colorretal, assim como os cânceres de mama (feminino e masculino), ovário, próstata, de pele melanoma e endométrio, além de outras doenças genéticas hereditárias, como triglicerídeos altos, colesterol alto, doença de Wilson e diabetes monogênica, recentemente acrescentada
Na maioria das vezes, o câncer colorretal nasce como um adenoma, que é um pólipo ainda benigno e pode ser removido de forma precoce, evitando o surgimento do câncer.
Por isso a importância de diagnosticar precocemente e se alertar caso haja predisposição genética à doença. Como outros tipos de câncer, o câncer colorretal apresenta maiores chances de cura se diagnosticado precocemente.

Sobre o meuDNA Saúde – Teste pioneiro no mercado brasileiro, lançado pelo meuDNA, o meuDNA Saúde é uma forma revolucionária de lidar com a doença antes mesmo de ela aparecer, gerando uma melhoria para a saúde, e que identifica a predisposição aos cânceres de mama (feminino e masculino), ovário, próstata, colorretal, de pele melanoma e endométrio, além de outras doenças genéticas como triglicerídeos altos, colesterol alto e doença de Wilson. E agora a identificação também da diabetes monogênica e da Deficiência de Alfa-1 Antitripsina.

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