Com resultado irreversível no Peru, Keiko ainda tenta anular votos
Faltando apenas 56 atas para serem verificadas pela Justiça eleitoral após supostos erros ou irregularidades, Castillo lidera por 49.420 votos, ou 50,14% do total, contra 49,86% de Keiko Fujimori, de acordo com a última parcial liberada na tarde deste domingo, dia 13. Cada ata tem no máximo 300 votos, o que dá um total máximo de 16.800. Mesmo se todos os votos ainda a serem contabilizados fossem para Keiko, ela não poderia ultrapassar o adversário matematicamente.
Apesar disso, Castillo não pode ser declarado oficialmente o vencedor da disputa pelo Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE) porque recursos pedindo a anulação de votos apresentados pela candidata do partido Força Popular ainda não foram julgados.
Fujimori, que disputa a presidência pela terceira vez, não dá o braço a torcer e insiste que houve “fraude de mesa” por parte de seus rivais. Sua campanha pede que as autoridades eleitorais anulem cerca de 177 mil votos, distribuídos em 887 atas eleitorais.
Os pedidos, que não tem provas comprovadas, baseiam-se quase todos em supostas falsas assinaturas e em irmãos que teriam participado juntos de mesas eleitorais, o que é proibido pela lei peruana. Os votos que seriam anulados correspondem a regiões onde Castillo teve votação muito superior à de Fujimori.
A grande maioria das solicitações, a princípio, foi rejeitada por autoridades eleitorais por terem sido enviadas após o prazo. A candidata conservadora, no entanto, disse que recorrerá da decisão e aguardará a contagem do “último voto” para reverter a situação. No sábado, 12, ela liderou um protesto para exigir que as autoridades analisassem seu pedido.
“Se o júri (eleitoral) analisar isso, a eleição será revertida, queridos amigos”, disse Fujimori a centenas de apoiadores no centro de Lima, muitos deles segurando a bandeira vermelha e branca do Peru. “Sou uma daquelas pessoas que não desiste nunca.”
Observadores internacionais, incluindo a Organização dos Estados Americanos (OEA), afirmaram que as eleições foram transparentes.
Castillo, um professor do ensino fundamental que, em sua plataforma, propõe reescrever a Constituição, já recebeu saudações antecipadas de lideranças latino-americanas e lideranças de esquerda, como o presidente argentino Alberto Fernández, o que irritou o governo peruano, que pediu à comunidade internacional que aguardasse pelos resultados finais.
O candidato fez seu próprio discurso na noite de sábado, na sede da campanha, em Lima, e pediu celeridade às autoridades. “Chega de polarização no país. Deixemos nas mãos das autoridades, para que, de uma vez por todas, essas coisas não se repitam mais, e respeitemos a vontade popular. O povo tomou seu próprio caminho.”
Na quinta-feira passada, o procurador José Domingo Pérez, membro da força especial da Lava Jato peruana, solicitou a prisão preventiva de Keiko, em um processo no qual ela é acusada de suposta corrupção envolvendo a Odebrecht. Pérez justificou o pedido de prisão alegando que Keiko descumpre as regras que lhe foram impostas em maio de 2020, quando foi solta após passar três meses em prisão preventiva. O pedido deverá ser julgado nesta segunda-feira, 14.
O atual presidente interino, Francisco Sagasti, espera passar o bastão a seu sucessor no dia 28 de julho, dia em que o país andino comemora 200 anos de sua independência. O novo presidente terá o desafio de lidar com um país profundamente dividido, o surto de covid-19 com maior número de mortes per capita do mundo e com o aumento da pobreza. (Com agências internacionais).
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