‘Começa um cenário em que a Selic não vai chegar a 12%’
Até quando o Copom deve subir os juros para conter a inflação?
Chegamos a precificar uma Selic de 14%. Mas parece que estamos tendo uma desaceleração da economia mais rápida do que o mercado estava prevendo. Temos uma sequência de dados da atividade econômica bem fracos. Esse é um elemento novo que deveria impactar o que o BC irá fazer na primeira reunião de 2022. Agora, está começando a pintar um cenário em que a Selic não vai chegar a 12%. Acredito que a última alta de juros ocorra na reunião de fevereiro, e o ciclo se encerre com uma taxa entre 11% e 12%, mas não acima de 12%.
Agora, a questão é de dosagem dos juros?
Sim. Ninguém está discutindo que o juro não tenha de subir. Da mesma maneira que o BC errou na dosagem baixando (o juro) para 2%. O BC não pode cometer, agora, o erro com o sinal trocado.
O BC errou?
Errou muito e teve azar. Teve crise hídrica, a bagunça fiscal que começou em janeiro e se estendeu por quase o ano inteiro, o câmbio desvalorizou muito.
O intervalo entre a alta dos juros e o impacto na economia real é de cerca de seis meses. Então, uma parte da alta de juros dos últimos meses não se manifestou?
Não se manifestou, por isso o cenário é meio preocupante. Estamos vendo a desaceleração da atividade em dezembro. E, em tese, estamos pegando um pouquinho da alta do juro, quando ele foi de 2% para 2,75%. Tem um caminhão de juros para jogar na cabeça da economia. O impacto dos juros começa em seis meses e pode se estender por até dois anos. Esse aumento de juros pode prejudicar a economia em 2023. A gente acha que 2023 pode ser recessivo, mas tem uma eleição no meio. Por outro lado, se o mercado e a economia real se preocuparem menos com o resultado eleitoral e um eventual ganhador da eleição disser coisas certas, como os preços dos ativos caíram muito um pouquinho de expectativas positivas no fim do processo eleitoral poderá salvar 2023.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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