Como está o percentual do uso de tabaco no Brasil?

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o tabagismo é reconhecido como uma doença crônica causada pela dependência à nicotina presente nos produtos à base de tabaco. Mais do que isso, ele integra o grupo de transtornos mentais e comportamentais, uma vez que a nicotina é uma substância psicoativa. 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta ainda que o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano. Só no Brasil, são 161.853 mortes anuais atribuíveis ao uso de tabaco, o que representa 443 mortes por dia e leva o tabagismo a ser o terceiro fator de risco para anos de vida perdidos ajustados por incapacidade. Em outras palavras, é a maior causa evitável isolada de adoecimento e mortes precoces em todo o mundo. 

Segundo Izabella Barbosa de Brito, farmacêutica da Coordenação Geral de Prevenção de Doenças Crônicas e Controle do Tabagismo (CGCTAB) do Ministério da Saúde, o tabagismo também é considerado uma doença epidêmica. Ou seja, afeta uma grande quantidade de pessoas dentro de uma mesma região. Além disso, ele é responsável pelo surgimento de outras 50 doenças fatais e incapacitantes. 

Números no Brasil – Um futuro promissor 

Diante do risco oferecido pelo vício no cigarro, as notícias são boas e trazem perspectivas positivas para o futuro. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) indicam que o percentual de usuários de derivados do tabaco foi 12,8% em 2019, sendo o percentual de fumantes passivos de 9,2%. Em 2013, a prevalência de tabagismo foi de 14,9%. Fazendo o comparativo entre os dois períodos, é possível observar uma redução de 2,1 pontos percentuais.

Ainda segundo a PNS, a maior prevalência de usuários de tabaco ocorreu na região Sul do país, com 16% e 14,7%, respectivamente. Mas apesar disso, a mesma pesquisa mostra que houve redução na prevalência de tabagismo em todas as regiões do Brasil. A região Centro-Oeste, porém, foi a que apresentou menor redução, com apenas 0,3%.

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Que espaço o cigarro tem ocupado na vida dos jovens?  

É nas baladas, festas e eventos sociais que o cigarro parece ser presença confirmada. E é justamente nestes ambientes que os jovens se encontram e circulam. O problema disso é perceber que o tabaco tem entrado cada vez mais precocemente na vida das pessoas. Iniciando, portanto, um ciclo vicioso e uma jornada difícil de encerrar, que pode comprometer a saúde e o futuro.  

De acordo com Izabella, é possível confirmar esse fenômeno. Especialmente porque entre os mais novos está um antigo vilão, mas vestido com uma nova roupagem: o cigarro eletrônico. Ela ressalta que, ainda  segundo dados da PNS de 2019, a prevalência de consumo dessa versão, que utiliza substâncias que possuem nicotina, entre os jovens maiores de 15 anos era de 0,6%. A pesquisa mostra também que o consumo desses produtos se concentra em grandes centros urbanos e em jovens de classes sociais com maior renda, especialmente em homens.

“São dados importantes, uma vez que a literatura demonstra que a utilização de cigarros eletrônicos por jovens os tornam menos propensos a parar de fumar. Fato esse que reforça a importância de oferecer ações de prevenção à iniciação e promoção da saúde a essa população, que costuma ser mais vulnerável, principalmente com a constante entrada de produtos derivados de tabaco no mercado”, explica a profissional.

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Qual o papel da Atenção Primária nesse processo?

Izabella lembra que o uso do tabaco é uma condição multifatorial. Sendo assim, as ações para garantir a interrupção do vício precisam ter estratégias que levam essa característica em consideração. Além disso, reforça a profissional, é de suma importância destacar o papel dos profissionais da saúde enquanto atores centrais no cuidado da pessoa tabagista. Para ela, cabe a eles empoderar o usuário de tabaco e estimular nele o autocuidado como forma de enfrentamento da condição, provendo um ambiente propício à cessação.

O SUS pode fazer a diferença

Atenção Primária à Saúde (APS), primeiro ponto de contato da população com o sistema de saúde, torna-se ideal para a oferta e abordagem de cessação ao tabagismo. Além disso, a APS possui um diferencial importante nesse processo, que é o acompanhamento a longo prazo dos pacientes. Algo que faz toda diferença, já que é possível identificar, ainda no meio do caminho, quais condutas precisam ser ajustadas ou ainda se é necessário incluir abordagens àqueles que tiveram alguma recaída. Acesse o portal ou o aplicativo ConecteSUS e saiba mais!

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